Na última quinta-feira, 06 de agosto, o Ciclo de Seminários Online do Programa MAGIS Brasil trouxe o racismo e o antirracismo no Brasil como temáticas para reflexão e discussão, com a assessoria de Thiago Teixeira Santos, que é mestre em Filosofia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE) e doutorando em Ciências Sociais pela PUC Minas, universidade onde atualmente é professor do Departamento de Filosofia. Thiago também é autor do livro Inflexões Éticas, que foi lançado ano passado e é um convite à construção de novos pactos pela humanidade, dialogando diretamente com a temática proposta para este quarto seminário do Ciclo.

Neste encontro, que você pode assistir na íntegra clicando aqui, as pessoas foram convidadas a discutir a persistência, o funcionamento e as consequências do racismo presente na cultura brasileira em contextos variados, junto das formas de enfrentamento em curso, por meio da luta de negras e negros.

Para iniciar a conversa, o professor explicitou bem de onde ele parte para construir o debate, reconhecendo a responsabilidade do pensamento filosófico na desarticulação das agências de racismo que perpassam pelo imaginário e pelas relações sociais. Ao discorrer sobre a proposta da noite, Thiago trouxe a influência de teorias com as quais trabalha atualmente: antirracistas, dialógicas, de alteridade, necropolítica e discussões que versam sobre poder e violência, que foram muito presentes em diversos momentos de sua fala. Conforme foi partilhando suas reflexões, Thiago mencionou diferentes pensadoras e pensadores negros que embasam suas ideias acerca destas teorias, como, por exemplo, Achille Mbembe, Bell Hooks, Sueli Carneiro, Carla Akotirene, Michel Ferreira, Chimamanda Adichie e Silvio Almeida.

Dessa maneira, Thiago Teixeira afirma que, “pra falar de racismo, a gente vai falar sempre de poder ou de relações de poder. Por mais que as pessoas tentem naturalizar essa discussão ou tentem subjetivar essa relação, a gente vai falar sempre de estruturas de poder e de estruturas de relações de poder que se articulam, tentando marcar, hierarquizar e subalternizar corpos”. Além disso, ele também fez questão de enfatizar que, ao fazer memória da presença de negros e negras que nos antecederam desde que a estrutura colonial se instalou no Brasil, fala-se de processos de insurgência e de resistência, que, portanto, nenhuma relação apresentam com posturas vitimistas, como muitos costumam interpretar ao serem abordadas “pautas raciais ou pautas que são insurgentes em relação a essa estrutura supostamente hegemônica que se apresenta contra nós e contra os nossos corpos”.

O professor explicou que o esquecimento da presença, das agências, das teorias, da beleza, da cultura, das tradições afrocentradas, faz parte de uma posição sistemática de poder e manipulação da ausência, que faz com que falar de racismo signifique “apresentar sempre essa posição insurgente contra essa técnica de poder que tem como grande objetivo, como grande intenção, a produção de silêncio”.

Thiago também provocou o público a aguçar a percepção do mundo de maneira aberta a narrativas distintas daquelas que sempre foram apresentadas como as únicas legítimas e possíveis, sendo que é a partir daí que entram as discussões das pautas antirracistas, que vêm dessa disposição de entender o mundo fora de concepções às quais se estava acostumado e adaptado e que, justamente por isso, incomodam tanto, uma vez que desarticulam “posições que foram construídas há muito tempo e fundamentam regimes sistemáticos de opressão e subordinação e, até mesmo, de expropriação máxima da vida pra garantir privilégios que são interseccionados, de classe, de gênero e de raça”.

Ao ir encaminhando sua fala para abrir às perguntas de quem estava assistindo, Thiago enfatizou, diante de tudo que havia colocado anteriormente, a necessidade de mudarmos os nossos trabalhos, as nossas produções acadêmicas e cotidianas, escolhendo outras narrativas para disputar o campo da nossa imagem de mundo. Ao fim, encerrou reforçando a pertinência de abrir espaços para pautas como essas e outras que são urgentes para termos um futuro ético, de equidade e justiça.

Como afirmou Isaías Gomes, SJ, que mediou este quarto seminário do Ciclo de Seminários Online do Programa MAGIS Brasil, peçamos que o sopro antirracista do Espírito nos acompanhe em nossa ação no mundo como pessoas comprometidas com a justiça e com a luta contra a desigualdade.

Clique aqui e assista este seminário na íntegra

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