Na catequese sobre o Bom Samaritano, Leão XIV fala sobre o ritmo acelerado da vida, a fragilidade humana e o chamado à compaixão como caminho para crescer em humanidade
MAGIS Brasil com Vatican News
Em mais uma quarta-feira de sol e calor, cerca de 40 mil fiéis se reuniram na Praça São Pedro para acompanhar a Audiência Geral com o Papa Leão XIV. Dando continuidade ao ciclo de catequeses sobre as parábolas do Evangelho, o Pontífice refletiu desta vez sobre a parábola do Bom Samaritano (Lc. 10,25-37) — uma das mais conhecidas e provocativas histórias contadas por Jesus.
Logo no início, o Papa destacou como as parábolas são capazes de nos libertar de visões fechadas e nos abrir à esperança. “A falta de esperança, por vezes, deve-se ao fato de estarmos fixados numa certa forma rígida e fechada de ver as coisas, e as parábolas nos ajudam a vê-las de outro ponto de vista.”
Ao comentar a narrativa do homem agredido e deixado à beira da estrada, Leão XIV desloca o foco da pergunta do doutor da Lei — “quem é o meu próximo?” — para uma outra postura: a de quem escolhe fazer-se próximo. “A vida é feita de encontros, e nesses encontros nos revelamos quem somos”, afirmou o Papa.
Compromisso com a compaixão
Na leitura da parábola, o Papa destacou que o sacerdote e o levita, mesmo sendo homens religiosos, não se comoveram diante da dor. “A prática do culto não leva automaticamente à compaixão. Antes de ser uma questão religiosa, a compaixão é uma questão de humanidade”, afirmou com firmeza. O bom samaritano, por outro lado, representa aquele que se deixa tocar e interrompe sua jornada para cuidar do outro.
A pressa, tão presente nas rotinas modernas, foi citada como uma barreira comum à empatia. “Aquele que pensa que a sua própria viagem deve ter prioridade não está disposto a parar por um outro”, disse o Papa, alertando que a compaixão exige tempo, presença e envolvimento.
Lucas, o evangelista, enfatiza as ações do samaritano: ele se aproxima, cuida, se compromete. “Quem quer ajudar alguém não pode manter distância: é preciso sujar-se, talvez até se contaminar”, disse Leão XIV, provocando os fiéis a repensarem suas atitudes no cotidiano.
Como Jesus faz conosco
A figura do homem ferido na estrada, segundo o Papa, representa todos nós. “Quando compreendermos que aquele homem representa cada um de nós, a memória de todas as vezes em que Jesus parou para cuidar de nós nos tornará mais capazes de sentir compaixão.”
Ao final da catequese, o Papa lançou um apelo direto:
“Rezemos, então, para que possamos crescer em humanidade, para que as nossas relações sejam mais verdadeiras e ricas em compaixão.”
Imagem: Vatican News