“Quem tem motivos para viver não está preocupado em como viver” (Kierkegaard)

Um dia, um velho fazendeiro veio a Deus e disse-lhe: – Olha, o Senhor pode ter criado o mundo, mas preciso lhe dizer uma coisa. O Senhor não é fazendeiro. Não sabe nem o bê-á-bá da agricultura. O Senhor tem muito o que aprender. Ao que Deus respondeu: – O que você sugere? – Dê-me um ano e permita que as coisas sejam de acordo com a minha vontade. E veja o que acontecerá: não haverá mais pobreza! Deus concordou e um ano foi dado ao fazendeiro. Naturalmente, ele pedia e pensava somente no melhor. Nada de trovões, de ventos fortes, nenhum perigo para a safra. Tudo confortável, aconchegante. O fazendeiro estava muito feliz. O trigo crescia tanto! Quando queria sol, havia sol. Quando queria chuva, havia chuva, o tanto que quisesse. Nesse ano, tudo estava certo. Matematicamente preciso. O trigo estava crescendo muito. O fazendeiro procurava Deus e dizia: – Olhe! Desta vez a safra será tão grande que, por 10 anos, mesmo que as pessoas não trabalhem, haverá comida suficiente! Mas quando fizeram a colheita, não havia grãos. O fazendeiro ficou surpreso e perguntou a Deus: – O que aconteceu? O que saiu errado? E Deus respondeu-lhe: – Por não existir desafio, conflito, fricção, já que você evitou tudo de ruim, o trigo permaneceu impotente. Uma pequena fricção é uma necessidade. As tempestades, os trovões e os raios são necessários. Eles agitam a alma dentro do trigo.(Osho)

Há momentos em que daríamos tudo por uma chance de pedir a Deus para não corrermos riscos. Mas o risco é necessário. É importante poder enfrentar as dificuldades, o desconhecido e o incerto. Percebemos que algumas pessoas fazem opção pelo porto seguro das certezas, mas outros acolhem a alma agitada e constroem o novo.

Mas como enfrentar essas turbulências?

O autoconhecimento, a vontade de crescer, evoluir e progredir são decisivos. A sensibilidade, a criatividade, o espírito de iniciativa são nossos maiores aliados. É preciso também termos paciência, pois uma boa colheita necessita de tempo e espera.

Necessita também de tempestades, trovões e raios. Afinal, “eles agitam a alma dentro do trigo”. Para desenvolver ao máximo nossas potencialidades, temos de enfrentar dilemas, encruzilhadas, perplexidades e responsabilidades. Isto nos faz mergulhar na vida, desenvolver nossas forças, encontrar a nós mesmos.

Desejo e Medo: existe, na natureza humana, a tendência natural de ultrapassar o imediato, de caminhar para a outra margem, para arriscar novos horizontes, necessidade de afrontar o perigo, de tentar, de se aventurar. Mas existe também a tendência oposta de se poupar e de se acautelar, a necessidade inata de evitar o perigo, de se afastar dos obstáculos, de fugir das tempestades. O ser humano que confia é também o ser humano que teme, o ato de coragem contém, também, o medo. Esperança e dúvida, temor e coragem, criatividade e rotina, andam juntas. O ser humano torna-se corajoso quando toma a decisão de arriscar.

Deus nos ensina também na desolação

A experiência obscura, as tribulações, as tempestades, são inerentes à fé cristã, estão presentes em todas as pessoas. Mas isso deve nos permitir renovar constantemente uma confiança e uma união com o Senhor na realidade mais cotidiana. Na espiritualidade inaciana formar-se é provar-se. Só aquele que é posto à prova em sua fé e em suas convicções, se forma, cresce e amadurece.

Texto Bíblico  Mt 14,22-33

 

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