Oral, gestual, corporal, estética, dramática, escrita. Expressar: trazer para fora o que alguém tem dentro. Comunicar, manifestar, tornar público, expressar ideias, sonhos, sentimentos. É totalidade de expressão somática, psíquica e espiritual.

Não se trata de ser falante, mas de ser expressivo. No ser humano há mais do que palavras, pois a estrutura corporal projeta significados, mesmo sem falar. A expressão fala mais do que a palavra, porque manifesta inúmeros significados a partir da personalidade humana. A expressão revela pensamentos, atitudes e procedimentos do ser humano.

Deveríamos prestar maior atenção sobre o potencial da expressão que nos habita. Estamos habituados a ver as pessoas na rotina cotidiana. Mas, se acompanharmos atentamente as diferentes expressões humanas, descobriremos um universo borbulhante que pulsa na vida das pessoas. O ser humano é surpreendente, é inesperado, é imprevisível, repentino.

O ser humano é essencialmente expressivo

O ser humano revela expressões de grande valor. Há expressão verbal, linguística, vocalizada, corporal. Também há expressão de gestos multiformes, de símbolos misteriosos, de significados intrigantes. Há expressão da face, dos olhos, do semblante, dos passos ritmados. Há expressão das mãos que apontam e desapontam, acolhem e rejeitam, aplaudem e condenam, abraçam e agridem. Há expressão da presença, da participação, do encorajamento. Expressão do encontro, do acolhimento, da amizade e da solidariedade. A expressão da madrugada, que acorda o sonolento e desperta a consciência. A expressão da partida e da chegada, do apelo e do socorro.

Há a expressão da verdade clara, da liberdade inquieta, da responsabilidade assumida, da criatividade fecunda, do caminho arriscado, do desafio provocante. A expressão do respeito, da compreensão, do direito, da justiça. A expressão da paz, da concórdia, da transparência. Há a expressão da afetividade, da emoção, do amor, da ternura, do encanto, da sedução. A expressão da alegria, do canto, da estética, da festa. A expressão da ética, que limpa a sujeira e dignifica o sopro da personalidade. A expressão do compromisso evangélico vitalizante.

Contudo, o ser humano apresenta também expressões negativas e desumanas. São expressões reais, embora deformadas e nocivas. Há a expressão da indiferença, do descaso, da neutralidade. Há a expressão calada, amoitada. Há a expressão da ausência, do subterfúgio, da covardia. E a expressão do desencanto, da humilhação, da vergonha, do medo, do espanto, do assalto, do pânico, da tristeza e do desespero.

Há a expressão do equívoco, do engano, da falha, da falsidade, da traição, da corrupção. Há a expressão da repulsa, da náusea, da mistificação. A expressão do narcisismo, do egocentrismo, da competição feroz, da exclusão dos mais pobres. Há expressão da arrogância, da prepotência, da dominação, da inferioridade, do servilismo. A expressão da insensibilidade, da hostilidade, do rancor, da violência.

A humanidade desfila expressões de todo tipo

A educação tradicional nega a expressão: o professor fala, o aluno escuta e tem de ouvir sem interromper, sendo condenado ao quietismo, à passividade, à repetição. A pedagogia da expressão, ao contrário, promove um ambiente motivador, de confiança, de acolhida, de respeito, em que cada aluno se sente motivado a dizer sua palavra e a se comunicar de todas as formas possíveis. Por isso, desenvolve a oralidade e a escuta, cultiva o bem falar, a oratória, as habilidades comunicativas orais, gestuais, corporais, pictóricas, dramáticas, mímicas, escritas de cada um.

Uma pedagogia da expressão promove por todos os meios e em todos os espaços educativos a comunicação entre professor e alunos e dos alunos entre si. Para isso, reorganiza os ambientes, evitando uma distribuição do espaço que possa favorecer a palavra do professor e a recepção passiva dos alunos, ou impedir a comunicação entre eles.

A pedagogia da expressão incita a imaginação e a fantasia, cultiva a literatura, a música, a pintura, as artes e artesanatos, a fotografia, o cinema, o contato com a natureza. Promovem-se grupos de dança, música, teatro, fantoches, pintura, de contadores de história, criação literária, jornal, coral, folclore, ecologia. Todo o espaço físico e os arredores da escola se transformam em uma grande oficina, um enor-me mural.

Texto Bíblico  Gn 1, 1-29

 

# Clique aqui e faça o download da versão para impressão desta reflexão
Veja também a reflexão de semana passada

 

Compartilhar.

1 comentário

  1. Pingback: Reflexões Inacianas – Superficial ou radical? « Centro Loyola de Fé

Deixe uma resposta