“Que devo fazer, Senhor?” (At. 22,10)
Jesus Cristo nos salva, nos dá a sua Vida e, sempre respeitando nossa condição de homens e mulheres livres, nos convida a participar de sua obra: a realização do Reino de Deus neste mundo marcado pela dor e pobreza. Ele nos convida a trabalhar com Ele e como Ele, a viver como Ele, a ter os critérios e os valores d’Ele. Jesus convoca pessoas que tem espírito de audácia, de energia, de criatividade, de luta, de participação, porque Deus não nos deu espírito de timidez, de covardia, de fuga.
Segundo Santo Inácio, o critério do “bem quanto mais universal é mais divino” (Const. 622) se torna critério de eleição das tarefas apostólicas. Mas isto já está inscrito no convite do Reino: “minha vontade é conquistar toda a terra de infiéis” (EE 93); “minha vontade é conquistar o mundo todo e todos os inimigos” (EE 95).
Cada um de nós experimenta como os fatos, acontecimentos, pessoas e vivências nos estimulam, nos provocam, nos incitam; numa palavra, nos “chamam”, pedem de nós uma decisão, uma opção.
“Ver Cristo Nosso Senhor, Rei eterno, com o mundo inteiro diante d’Ele, que chama todos e cada um em particular” (EE 95)
Neste empreendimento, cada um deve descobrir a sua maneira de melhor corresponder; neste chamamento feito a todos, cada um deve escutar a parte que lhe cabe. Diante deste convite há várias respostas possíveis. O/a inaciano/a estará entre aqueles “que quiserem mostrar maior afeição e assinalar-se em todo serviço”, ou entre aqueles “que farão oblação de maior estima e maior valor” (EE 97), ou seja, de maior entrega e de maior transcendência. Conhecer este chamado a uma missão especial que Deus dirige a cada um, deve ser a grande preocupação de toda a vida do/a inaciano/a, sobretudo naqueles momentos mais decisivos. Trata-se de um chamado que afeta todo o seu ser, com toda sua bagagem de inteligência, afetividade, qualidades e defeitos, influências e inclinações; com todas as possibilidades que a vida lhe oferece neste momento em que vive, diante das necessidades do mundo, da Igreja, da sua comunidade.
O/a leigo/a inaciano/a se deixou forjar no convite do Reino. Ali, as grandes façanhas propostas pelo Companheiro que é Jesus, seduzem por si mesmas. A meditação do Reino prepara um dos traços mais distintivos da pessoa inaciana: “encarregar-se dos outros”, encarregar-se das obras que solucionem os problemas das “maiorias excluídas”. Isso é o que significa paixão pelo Reino. Quem vive uma experiência inaciana capta o bem das maiorias como preocupação entranhável, apesar de ter outras inquietações e trabalhos.
Mas tudo nasce da paixão por levar adiante a missão, em ir aos lugares do mundo onde há mais necessidade e ali realizar obras duradouras e maior proveito e fruto. A pessoa inaciana se apaixona por levar adiante o Reino, e por isso se dedica a realizar obras, não só porque sejam boas, senão porque tocam o coração da história, realizando ali atividades que a reestruturem e se institucionalizam porque tem força em si mesmas. Obras, portanto, que modifiquem o modo como está constituído o mundo, para que aconteça o Reino.
A paixão pela missão é também um traço marcado de maneira especial pela experiência de ser pecador/a perdoado/a. O perdão faz com que se experimente que estava sem vida e que agora se tem vida.
Isto desperta a paixão pela missão, pois se constata que a grande tarefa que se tem lá fora, no mundo, no Reino, não é impossível porque já se está vivendo por dentro, na própria vida, na realidade pessoal. A nível pessoal, o leigo inaciano, a leiga inaciana – a exemplo de Inácio leigo – procura conduzir, de uma maneira delicada, as pessoas que se apresentam em sua vida, até à experiência dos Exercícios e a uma profunda conversão. É o que Inácio chamou “a conversação espiritual”, e é o que hoje denominamos acompanhamento espiritual.
Textos Bíblicos: 2Tm 1, 6-14 / Mt 10, 1-16 / Mt 10, 37-42 / Lc 4, 16-30 / Lc 5, 1-11 / Ef 3, 1-13 / Mt 5, 13-16
Na oração: diante de Deus, responda “como você vive hoje sua missão na família, no trabalho, no seu ambiente, na sua comunidade? Que sentido você quer dar à sua própria vida? Onde gasta suas forças, capacidades?”
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