“Se há algum homem representativo de minha raça, é Iñigo de Loyola, o fidalgo guipuzcoano que fundou a Companhia de Jesus, o cavaleiro andante da Igreja, o filho da tenacidade paciente”  (Unamuno)

Santo Inácio de Loyola foi um homem universal: basco, castelhano, catalão, veneziano, romano e europeu. Seu coração era tão grande quanto o mundo, sempre livre para a buscar a maior glória de Deus. Suas preocupações e suas cartas estão cheias de nomes de toda a geografia universal até então conhecida, desde o Congo ao Brasil, desde Espanha até a China ou Etiópia.

O basco Inácio alcançou sua plenitude humana e divina precisamente porque foi capaz de abrir-se à universalidade de todas as terras, de todos os povos e de toda humanidade existente, sem distinção de raças nem exclusão de ninguém. Foi norma sua que “o bem quanto mais universal, mais divino”. Iluminado pela luz divina, faz-se peregrino de Deus.

Peregrinar é avançar pelos caminhos do mundo

Conhecer povos e costumes, escutar ideias novas e opiniões diferentes, sentir-se solidário com outros caminhantes. Assim se dilataram infinitamente seus horizontes. Após sua conversão, num hábito rasgado e estilo de vida que parece ter assimilado das profundezas das cruzadas, o peregrino Iñigo lançou-se na viagem mais imprevisível: parte para Jerusalém. Mas teve um encontro marcado muito além, com uma nova humanidade, com um mundo aberto e sem limites, com a consciência da liberdade audaciosa, com um ambicioso projeto cuja realização contará com sua contribuição.

Em Paris, se pôs em contato com estudantes de todas as províncias da Europa e ainda do Egito. Ali se matriculou com um nome novo, no dizer de Ribadeneira, “por ser mais universal”: Inácio. Assim, o desvairado peregrino surgido da Idade Média, o “home del sac”, é, embora ainda não saiba, o esboço de um homem dos tempos modernos. O mendigo de Deus torna-se um homem em busca de edificações humanas, mais tarde um virtuoso da arte do possível. Apaixonado pelo humanismo em que julga descobrir um caminho de acesso ao coração das pessoas, Iñigo Lopes de Oñaz y Loyola torna-se um precursor dos tempos modernos.

“Cavaleiro andante de Deus”, nos recorda o patriarca Abraão, o grande peregrino da fé, deixando-se levar pelos longos e imprevisíveis caminhos por onde o conduzia a mão de Deus, ao qual seguiu passo a passo até o fim de sua vida, tão surpreendente para ele mesmo. Os caminhos que Inácio percorria, quase sempre com os pés descalços, estavam orientados e imantados pelo itinerário de sua fé, caminhos por onde a vontade de Deus o conduzia.

Mudanças externas e internas

Desde sua transformação em Loyola, Inácio não tem outro norte que seguir: servir e amar a Cristo, ainda que não soubesse como nem por onde. Docilmente, deixando-se levar, vai descobrindo o grandioso projeto que Deus lhe havia preparado desde a eternidade, e que agora ia se desvelando dia a dia e passo a passo. Em cada esquina e em cada encruzilhada, só buscava a vontade de Deus, tanto nos grandes como nos pequenos acontecimentos.

Texto Bíblico  Gn 12, 1-10

 

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