Na Catequese desta quarta-feira, 15, Francisco analisou o “discurso missionário” de Jesus aos discípulos: “nasce do encontro com o Senhor” e deve envolver com paixão toda a pessoa

MAGIS BRASIL
com informações de Vatican News

Foto: Reprodução Vatican Media

“O primeiro apostolado” foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira, 15, realizada na Sala Paulo VI. O Pontífice prosseguiu falando sobre “a paixão de evangelizar, o zelo apostólico”. Segundo o Papa, evangelizar envolve toda a pessoa, a mente, o coração, as mãos, tudo. “A pessoa é totalmente envolvida. Por isso falamos de paixão de evangelizar”.

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O Papa indicou que o Evangelho diz que Jesus designou doze dentre eles – a quem chamou apóstolos – para estar com Ele e para os enviar a pregar. “Há um aspecto que parece contraditório: chama-os para estar com Ele e para ir pregar”, comentou. Em primeiro lugar, Francisco frisou que não há “ir” sem “estar”: antes de enviar os discípulos em missão, Cristo – diz o Evangelho – “reúne-os”.

“O anúncio nasce do encontro com o Senhor; toda a atividade cristã, especialmente a missão, começa a partir dali. Não se aprende na academia. Começa com o encontro com o Senhor. Portanto, só quem estiver com Ele poderá anunciar o Evangelho de Jesus”, destacou o Papa.

O Santo Padre afirmou que seguir Cristo não é algo intimista: sem anúncio, sem serviço, sem missão, a relação com Ele não cresce. Então, o Pontífice reforçou que estes são dois momentos constitutivos para cada discípulo: estar e ir, enviado por Jesus.

Porquê anunciar

Tendo chamado os discípulos a si, e antes de os enviar, Cristo dirigiu-lhes um discurso, conhecido como o “sermão missionário”, que é a “constituição” do anúncio, indicou o Papa. Desse discurso, cuja leitura foi recomendada, Francisco frisou três aspectos: por que anunciar, o que anunciar e como anunciar.

Sobre o primeiro, por que anunciar, o Santo Padre recordou a frase de Jesus: “Recebestes gratuitamente, dai gratuitamente”. “O anúncio não começa por nós, mas pela beleza do que recebemos de graça, sem mérito: encontrar Jesus, conhecê-lo, descobrir que somos amados e salvos. É um dom tão grande que não podemos guardá-lo para nós, sentimos a necessidade de o irradiar, mas com o mesmo estilo, na gratuidade. Em síntese: temos um dom, por isso somos chamados a fazer-nos dom; a nossa vocação é fazer-nos dom para os outros. Ir e levar a alegria do que recebemos”.

O que e como anunciar?

Ao comentar o segundo aspecto, o que anunciar?, o Pontífice ressaltou que Jesus exortou: “Pregai, anunciando que o reino dos céus está próximo”. De acordo com ele, deve-se anunciar que Deus está próximo. “Nunca se esqueçam disso. Deus sempre esteve próximo ao povo. A proximidade é uma das coisas mais importantes de Deus. São três coisas: proximidade, misericórdia e ternura.  Não se esqueçam disso. Quem é Deus? O Próximo, o Terno, o Misericordioso. Esta é a realidade de Deus”.

“Aceitar o amor de Deus é mais difícil, porque queremos estar sempre no centro, ser protagonistas, estamos mais propensos a deixar-nos plasmar, a falar mais do que a ouvir. Mas se em primeiro lugar estiver o que fazemos, continuaremos a ser os protagonistas. Ao contrário, o anúncio deve dar a primazia a Deus, dar a Deus o primeiro lugar, e dar aos outros a oportunidade de o acolher, de sentir que Ele está próximo. E eu, atrás”, disse ainda o Papa.

Ao refletir sobre o terceiro aspecto, como anunciar, Francisco afirmou que ele é o aspecto sobre o qual Jesus mais insiste; e isto é significativo: “Como anunciar, qual deve ser o método, qual deve ser a linguagem para anunciar, e isso é significativo, pois nos diz que o modo, o estilo, é essencial no testemunho. O testemunho não envolve apenas a mente e dizer alguma, os conceitos: não. Envolve tudo, mente, coração, mãos, tudo, as três línguas da pessoa: a linguagem do pensamento, a linguagem do afeto e a linguagem da obra. As três linguagens. Não se pode evangelizar apenas com a mente ou apenas com o coração ou apenas com as mãos”.

Simplicidade e testemunho

Ainda sobre o modo como anunciar, o Santo Padre ressaltou ser impressionante que Jesus, em vez de prescrever o que levar em missão, disse o que não levar: “Não leveis nem ouro, nem prata, nem dinheiro nos vossos cintos, nem alforge para a viagem, nem duas túnicas, nem sandálias, nem cajado”.

“Não levar nada. Ele diz para não se apoiar em certezas materiais, mas ir para o mundo sem mundanidade. Isto é o que dizer: Eu vou para o mundo não com o estilo do mundo, não com os valores do mundo, não com a mundanidade – que para a Igreja, cair na mundanidade é o pior que pode acontecer. Vou com simplicidade, mostrando Jesus, não falando de Jesus. Como mostramos Jesus? Com o testemunho. Em síntese, caminhando juntos: o Senhor envia todos os discípulos, mas ninguém vai sozinho. A Igreja apostólica é toda missionária e na missão encontra a sua unidade. Portanto: ir mansos e bons como cordeiros, sem mundanidade, juntos”, concluiu o Papa.

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