Por Bruna Matias e Clarisse Nascimento

Para alguns, falar sobre a mulher no mercado de trabalho é um tabu; para outros, uma libertação, que dá voz à recorrer por aquilo que é seu por direito. Por aqui, muito vamos falar sobre esta temática ao longo do semana, perpassando por dados e informações atualizadas sobre o ramo, temas essenciais e que merecem a nossa atenção, como também, homenagear mulheres que tanto nos inspiram cotidianamente.  

De acordo com dados do 3º trimestre de 2022 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, a pesquisa nacional mais atualizada que temos acesso sobre a inserção da mulher no mercado de trabalho, 47,9 milhões de mulheres estão inseridas na força de trabalho nacional, enquanto 41,8 milhões de mulheres estão fora dessa força de trabalho. Confira abaixo alguns dados alarmantes:  

  • Dentre a porcentagem das mulheres que estão fora da força de trabalho atualmente, 5,7% são mulheres que gostariam de trabalhar, mas que desistiram de procurar porque acham que não vão encontrar oportunidades;  
  • O rendimento médio real mensal das mulheres que ocupam a força de trabalho é 21% menor do que o dos homens, porém, elas ganham salários menores exercendo atividades iguais à de outros homens;  
  • Nos serviços domésticos, as mulheres representam 91% da força de trabalho do setor e ganham 20% menos do que os homens;  
  • 43% das mulheres alocadas na força de trabalho atual ganham até um salário mínimo.  

Você se identificou com alguns dos dados acima? Neste caso, estamos falando apenas do mercado profissionalizante, se nos aprofundarmos na jornada dupla, tripla, quádrupla que as mulheres exercem, a conversa fica ainda mais alarmante.  

E por que não falar sobre esse assunto? Esta temática rendeu um forte “burburinho” em novembro de 2023, pois foi tema da redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), mais certamente como “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”.  

De acordo com os dados expostos nos primeiros parágrafos, é um fato que a maior parte das mulheres, além de exercerem suas atividades no trabalho, também lidam com outras jornadas, como arrumar a casa e cuidar dos filhos. Essa jornada dupla, que muitas vezes é tripla, quádrupla e por aí vai, vem carregada de cobranças sociais e no geral são normalizadas, não sendo reconhecidas pela sociedade como uma forma de trabalho, que demanda muito mais horas do que aquilo que se registra num contrato CLT, por exemplo.  

É por isso que muitas, inclusive por conta da exaustão, largam seus trabalhos formais e seguem “apenas” nas jornadas de trabalhos de cuidado. Mas vale lembrar que mesmo assim, as mulheres seguem cuidando do próximo e esquecem de cuidar de si mesmas. Por exemplo, já ouviu falar no burnout materno? É uma realidade em diversas famílias. Esse burnout vem como o colapso da maternidade ideal. Diante dos ideais, muitas vezes impostos pela sociedade como padrão, a mulher percebe que o seu caminhar maternal está sendo bem diferente daquele “padrão” relatado dia após dia, e com isso, entra em colapso, o que atinge a família, o filho e principalmente, ela mesma (mãe).  

Mas no meio de tantas realidades negativas, como algumas mulheres que vivenciam jornadas tão extensivas dão a volta por cima e alcançam altos cargos? Muitas encontram no empreendimento essa rota de fuga. Entendendo o quão machista o mercado de trabalho ainda é, mulheres se desafiam em criar os seus próprios empreendimentos, para assim, serem as donas dos seus próprios negócios, liderarem grupos e garantir a diferença no mundo empresarial. Algumas também investem no universo das redes sociais, compartilhando os seus dons com milhões de pessoas e fazendo disso um meio de renda mensal.  

Gostaríamos de fechar toda essa reflexão com um ar de esperança, e nada melhor do que homenagearmos mulheres brasileiras, dos mais variados nichos profissionalizantes, que tanto nos inspiram diariamente, desde suas histórias de vida até as mudanças que propõe à sociedade.  

Marina Silva -> historiadora, professora, ambientalista e atual Ministra do Meio Ambiente & Mudanças Climáticas. Nos inspira por sua persistência no caminhar, sabendo exatamente aquilo que ela quer alcançar, fazer a diferença. 

Tabata Tesser -> socióloga, mestra em ciência da religião e católica feminista. Nos inspira pela luta diária por direitos à mulheres principalmente no âmbito religioso.  

Ludmilla -> cantora, compositora, multi-instrumentista e empresária. Nos inspira por conseguir quebrar diversas barreiras, se inserir em gêneros musicais liderados por homens e com isso, conseguir abrir espaço para outras mulheres do mercado.  

Érika Hilton -> 1a Deputada Federal negra e trans eleita na história do Brasil e por 2 anos foi a presidenta da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de São Paulo. Nos inspira por sua sede de justiça e por querer fazer a diferença em um ambiente amplamente masculino.  

Bianca Andrade -> atual empresária e influenciadora digital, bianca nasceu e foi criada em uma comunidade do Rio de Janeiro, e ainda por lá, buscando fazer a diferença em sua área, criou um blog de maquiagens que alcançou um alto patamar, auxiliando num caminhar de alto sucesso, atualmente contando com uma empresa e linhas de maquiagens próprias.  

Jojo Todynho -> cantora, apresentadora e empresária, para além do seu lado cômico e às vezes citado com agressivo, jojo estimula diariamente, por meio de suas redes sociais, mulheres a serem independentes e a se fortalecerem juntas, dando dicas e denunciado atitudes abusivas.  

Referências:    

https://www.dieese.org.br/infografico/2023/infograficosMulheres2023.html

https://g1.globo.com/educacao/enem/2023/noticia/2023/11/05/tema-da-redacao-do-enem-2023-e-desafios-para-o-enfrentamento-da-invisibilidade-do-trabalho-de-cuidado-realizado-pela-mulher-no-brasil.ghtml

https://www.correiobraziliense.com.br/ciencia-e-saude/2022/04/4999262-mommy-burnout-conheca-a-sindrome-do-esgotamento-mental-materno.html

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