Este material apresenta uma modesta ajuda a todos/as que trabalham com jovens, nos grupos paroquiais, nas escolas, nos movimentos sociais e eclesiais, nos Centros, Casas e Espaços MAGIS.

Juventude

Para conceber estratégias metodológicas, é necessário reconhecer as especificidades da condição juvenil. Então, devemos perguntar: como se define juventude? Como se caracteriza sua singularidade frente a outras faixas de idade?

Resumidamente, podemos conceber a juventude como uma fase do ciclo vital na qual se completa o ciclo de desenvolvimento físico e inicia-se uma série de mudanças psicológicas e sociais, relacionadas ao abandono da infância e à entrada no mundo adulto. Essas mudanças constituem a condição juvenil como uma fase de intensa experimentação nos diferentes campos da vida (como religião, sexualidade, gostos culturais…), na qual se vive muitas coisas inéditas. É um período da vida em que se ampliam as relações sociais, caracterizadas pela inserção em novos grupos de convivência (não mais necessariamente mediados pela família), nos quais os jovens são interpelados a assumirem papéis sociais, com mais autonomia.

Isso tudo, se configura como uma ocasião de construção de identidade, de projetos futuros, de maior independência e autonomia. Não se trata de um mero momento de transição entre infância e vida adulta. Mas de um período particular de intensos significados sociais, trajetórias e demandas pessoais e geracionais concretas. É preciso ainda considerar que são diferentes e desiguais as situações concretas em que se vive a condição juvenil. Por isso, fala-se em juventudes.

Metodologia

Quando falamos em metodologia, estamos nos referindo ao caminho, às técnicas, às ferramentas, aos procedimentos e às ações que possibilitem concretamente realizar a missão. Mas não só. A postura e as atitudes de quem propõe o caminho é parte da metodologia.

Metodologia para jovens

Compreender quem são os jovens na realidade concreta em que atuamos e o que é metodologia é fundamental para aproximar-nos deles. Porém, é vital, ainda saber o que queremos propor à juventude e o porquê.

Abaixo, destacamos algumas ferramentas, posturas e temas que podem contribuir na construção de estratégias metodológicas para o trabalho com jovens. Vocês observarão que eles estão sintonizados com o que já discutimos sobre as especificidades juvenis e sobre metodologia.

Ferramentas

  • Grupos: priorizar espaços em que os jovens possam estar com outros jovens seja para a partilha de vida, seja para a execução de alguma tarefa. A inserção em novos grupos de convivência de pares é algo muito importante nessa fase da vida.
  • Experiência e experimentação: é também um período em que se faz ensaios e erros em muitos campos da vida. Faz-se uma série de estreias. Essas experiências inéditas não devem ser substituídas por conceitos ou teorias apenas. A fé, assim como o aprendizado, deve ser pautada em experiências.
  • Culturas juvenis. não ignorar o quanto aspectos culturais são relevantes para a construção da identidade geracional: estilos musicais, roupas e acessórios e as tecnologias precisam estar integrados ao trabalho com jovens. Os educadores não precisam copiar estilos, mas abrir-se a eles. Além disso, é preciso considerar o lazer e o lúdico como dimensões que marcam a distinção entra a juventude e outras faixas de idade.

Temas

  • Identidade: sexualidade, gênero, história pessoal, transformações no corpo, crenças, convicções e valores são temas que afetam profundamente os jovens que estão em período de constituir identidade.
  • Projeto de Vida: os jovens deparam-se com escolhas e decisões que dizem respeito ao presente e ao futuro. Trabalhar o tema projeto de vida, dando sentido e fundamento às decisões, é essencial.
  • Direitos: é necessário que ajudemos os jovens a conhecer seus direitos e a construir novos direitos geracionais por meio da participação social.

Posturas

  • Com jovens e não para jovens. Nesse período, os indivíduos passam a ter uma experiência pessoal para com a vida, absorvendo conscientemente o vivido. É hora de construir e justificar suas escolhas. Uma proposta que não envolva os jovens como participantes ativos, mas apenas como receptores, não terá chance de obter sucesso e não ajudará os jovens na construção de sua autonomia. Assim, nem o autoritarismo nem o paternalismo são posturas adequadas. Um líder empenhado em sinceramente ouvir os jovens, envolvê-los na ação e confiar a eles responsabilidades ajudará a formar pessoas autônomas e independentes.

Para refletir

O que apresentamos acima pode nos ajudar a construir novas formas de aproximação dos jovens e a avaliar nossa prática atual:

  1. Estou atento às especificidade e à realidade juvenil?
  2. Tenho posturas inclusivas que dão importância às opiniões e participação dos jovens?
  3. Dou mais valor à experiência ou ao conceito do que às ideias nas propostas pastorais com jovens?
  4. Valorizo as atividades em grupos, às questões identitárias e aos aspectos da cultura juvenil?

Referências bibliográficas :

DAYRELL, Juarez (Org). Por uma pedagogia das juventudes : experiências educativas do Observatório da Juventude da UFMG. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2016.

CORREA, Licinia Maria ; ALVES, Maria Zenaide ; MAIS, Carla Linhares (Orgs). Cadernos temáticos: juventude brasileira e Ensino Médio. Volume Estratégias metodológicas de trabalho com jovens. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014.


Autoria: Vanessa Araújo Correia, coordenadora de projetos no Centro MAGIS Anchietanum

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