“A minha alma engrandece o Senhor, e se alegrou o meu espírito em Deus, meu Salvador, pois ele viu a pequenez de sua serva” (Lc 1, 46-48).

O dia 15 de agosto é um dia de muita alegria para toda a Igreja Católica. É quando fazemos memória da Assunção de Maria, cuja solenidade é sempre celebrada no domingo mais próximo seguinte a esta data. Terminada sua peregrinação terrestre, a Mãe de Deus e nossa foi elevada aos céus de corpo e alma, foi assunta. Esta solenidade existe desde os primórdios da nossa religião e no ano de 1950 foi definida como um dogma pelo Papa Pio XII. É um mistério a que somos convidados e convidadas a contemplar com os olhos e o coração da fé e que, por isso mesmo, nos escapa da compreensão que vem da nossa racionalidade e lógica humanas.

O trecho do Evangelho citado acima nos ajuda nesta contemplação: Maria, mulher do povo, pobre e despojada, foi elevada aos céus com todo seu ser, porque em toda sua trajetória de vida, desde a anunciação, se apequenou, se esvaziou de si, para que, sem resistências, nela Deus se fizesse grande.  Como bem nos recorda o Pe. Adroaldo Palaoro, SJ, “Maria foi ‘assunta ao céu’ porque ‘desceu’ em direção aos outros, revelando-se como a ‘mulher do serviço solidário’”. Assim, também nós somos chamados e chamadas a servir e glorificar a Deus com alma e corpo, com a unidade de nosso ser. Em nossas próprias peregrinações humanas e espirituais, temos também o privilégio de experimentar antecipadamente o dom da Assunção quando “sonhamos, buscamos e ativamos todos os dinamismos humanos de crescimento e de expansão em direção aos outros. Nós nos ‘elevamos’ quando ‘descemos’ em direção à humanidade ferida e excluída. O ‘subir’ até Deus passa pelo ‘descer’ até às profundezas da realidade pessoal e social, sendo presença servidora” (Adroaldo Palaoro, SJ).

Neste sentido, a espiritualidade inaciana muito nos ajuda a alcançar esta graça, já que Santo Inácio nos deixou como um dos seus tantos ensinamentos, a certeza de que “na vida espiritual tanto mais aproveitará quanto mais sair do seu próprio amor, querer e interesse” (EE 189). Foi nesta mesma dinâmica, movidos por esse desapego de si e inspirados por Maria, que segue nos inspirando hoje, que no dia de sua Assunção, no ano de 1534, Inácio e os primeiros companheiros, Francisco Xavier, Pedro Fabro, Afonso Bobadilha, Diogo Laínez, Afonso Salmeirão e Simão Rodrigues, fizeram “os votos de colocar as suas vidas em favor dos outros, seguir Jesus Cristo pobre, ir a Jerusalém ou a Roma e colocar-se à disposição do Papa” (Jesuítas Brasil), na capela de Montmartre, em Paris. Por este motivo também, a data que hoje celebramos é muito cara à Companhia de Jesus, pois os votos de Montmartre, diante de Maria e de toda a corte celestial, trouxeram frutos e deixaram marcas profundas na história da Companhia de Jesus.

Rezemos a Maria, pequena serva assunta aos céus, para que, com a sua materna intercessão, nos ajude a viver nossa peregrinação humana e espiritual sempre à serviço da fé e da promoção da justiça, descendo às periferias da existência, a fim de que um dia cheguemos também nós à glória da ressurreição.

Nossa Senhora da Assunção, rogai por nós.
Inácio de Loyola e primeiros companheiros, rogai por nós.

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