O segundo dia (25), do II Simpósio Nacional “Aproximações com o mundo juvenil”, evento que acontece na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), iniciou com a mesa: ‘’As juventudes brasileiras e os impactos das reformas atuais’’. Na sequência, ocorreu a exposição “A juventude ocupa a cidade” e abriu-se, depois, a mesa de diálogos “Outonos Juvenis: de junho de 2013 às ocupações das escolas e universidades”. Por fim, a programação do dia contou com as apresentações das comunicações orais que compunham oito grupos de trabalho, cada um com uma categoria temática pautada dentro do mundo juvenil.

A mesa “As juventudes brasileiras e os impactos das reformas atuais contou com a presença do Prof. Vladimir Coelho (Superintendente de Educação de Minas Gerais) e da Profa. Dra. Kimi Tomizaki (Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo) com a mediação do Prof. Dr. Nilson Weisheimer (Universidade Federal do Recôncavo Baiano). Vladimir durante 15 anos trabalhou na periferia de Belo Horizonte (MG) como professor de escola e comenta que “90% das matrículas na rede de ensino de Minas Gerais é formada por jovens estudantes do Ensino Médio, então falar de reformas, envolve, naturalmente, falar da reforma do Ensino Médio também, que aliás já se transformou em Lei como Medida Provisória”. O tema da mesa propõe reformas no plural, o professor então diz que “as reformas da Previdência e Trabalhista apresenta alterações significativas para a sociedade como um todo e que debater a reforma do Ensino Médio de forma isolada não faz sentido, pois uma afeta a outra”.

O superintendente propõe uma reflexão a partir da palavra “flexibilização”, corrente no discurso do governo atual. Apoia sua reflexão retomando a Constituição Federal, criada em 1988, que tem a educação como primeiro direito social que surge na Constituição, o que significa para ele que a ideia de flexibilizar a educação, “congelando os investimentos” é “testemunhar a um ataque a retirada na prática de um direito social, mesmo que o discurso do governo seja de que o direito não foi retirado e sim congelado. Estamos falando de uma reforma que afronta e desrespeita a Constituição. A juventude está perdendo seus direitos, a sociedade como um todo está perdendo seus direitos”. Coelho conclui dizendo que os impactos das reformas que surgem no contexto de reorganização da forma de exploração do trabalhador repercute na educação também.

A Profa. Dra. Kimi Tomisaki trouxe sua contribuição a partir da revisão bibliográfica de estudos de 2005 a 2015 que relacionam os temas jovem, educação e política, pois percebe que para pensar a educação é preciso pensar o jovem dentro de um contexto, assim a reforma previdenciária e a trabalhista, sobretudo, devem envolver o debate sobre o jovem, uma vez que estes são os maiores prejudicados. A partir de seus estudos, ela apresentou aspectos gerais para chegar mais próximo de uma agenda coletiva, apontando, por exemplo que ao olhar a juventude “a política ainda tem um olhar propedêutico, como se a juventude ainda estivesse se preparando para a fase adulta” e diz ainda que “muito menos que desinteressados, os jovens estão desiludidos com a política institucional na sociedade contemporânea”.

Durante o intervalo, entre uma mesa e outra, ocorreu a Exposição “A juventude okupa a cidade”, com registros fotográficos, artes plásticas, poesias, narrativas, audiovisuais que buscam traduzir os melhores momentos de todo processo de criação, produção e execução do evento “A juventude okupa a cidade: um rolê por direitos”, formado por coletivos jovens de comunicação e artistas marginais.

Após essa exposição, os participantes do II Simpósio Nacional participaram da mesa “Diálogos – Outonos Juvenis: de junho de 2013 às ocupações das escolas e universidades que entre outros tinha o renomado escritor e pesquisador em juventude, Prof. Dr. Luís Antônio Groppo. A mesa trouxe testemunhais de jovens que participaram ativamente das ocupações, mas também reflexões das pesquisas que acompanharam as trajetórias juvenis durante as ocupações e que muitas vezes iam na contramão daquilo que se estava pesquisando.

Para finalizar o segundo dia, foram realizadas as comunicações orais com diversos grupos de trabalho: Participação Juvenil: Movimentos Sociais e Ações Coletivas; Juventudes e Religiosidade; Juventudes Rurais: Ações coletivas e movimentos juvenis no campo; Juventude, direito e políticas públicas; Juventude, cultura e comunicação; juventude e processos educativos e Juventude e Marcadores Sociais da Diferença: Gênero e Raça.

Carlos Renato, 39 anos, advindo da região Metropolitana da Grande Belém (PA), aluno da nona turma de Pós – Graduação lato – sensu Juventude no mundo contemporâneo, menciona a importância de fazer a comunicação oral no II Simpósio: “As comunicações em uma atividade acadêmica como o Simpósio Aproximações com o Mundo Juvenil permite que possamos realizar uma troca interessante de experiência, seja na produção acadêmica em si, seja nas experiências individuais e coletivas sobre Juventude. Presenciamos uma rica e diversa produção de militantes da juventude, a unir o par academia/atuação direta com a juventude, que contribuíram e contribuem para o entendimento de nossa juventude na contemporaneidade. Trabalhos construídos de norte a sul do país, tentam integrar os 3 Brasis de nossa realidade, a partir da reflexão juvenil e sua relação com as ruralidades, as políticas públicas e a atuação social, o fenômeno religioso, o movimento cultural e as culturas juvenis, entre outros, pautam a juventude como sujeitos de direitos, protagonista e elemento fundamental de desenvolvimento. A semente plantada por muitos outros lutadores/as e militantes da juventude florescem e nos trazem uma sensação paradoxal de que mesmo já com bastante acúmulo sobre o tema, ainda fizemos pouco ante a realidade juvenil diversa. Daí a ratificação da importância das pesquisas em Juventude a consequente comunicação das mesmas para avançar nesse mergulho teórico-prático ao lado das juventudes.”


Texto: Ana Lúcia Farias, pela equipe de comunicação do II Simpósio Nacional ”Aproximações com o mundo juvenil”

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