”Há uma fome ardente, atormentadora de justiça, de honradez, de respeito pela pessoa; uma vontade resoluta de sacudir o mundo até que terminem as explorações vergonhosas”

(Alberto Hurtado, em 1946, pregando para jovens em um retiro de Semana Santa no Chile)

Por Osvaldo Meca*

Celebrar a memória é algo a se tratar com especial atenção em nossa Igreja, na Companhia de Jesus e no Programa MAGIS Brasil. Afinal, bebemos de muitas fontes para formarmos o espírito de ousadia que almejamos na missão, olhando e rezando experiências de homens e mulheres que iluminam com seus exemplos proféticos, para assim “sacudir o mundo”.

Um desses casos é o de Santo Alberto Hurtado, jesuíta chileno que hoje, 18 de agosto, celebramos a memória de 65 anos de sua partida para os braços do Pai.

Alberto Hurtado nasceu no Chile, em 1901. Fez seus votos na Companhia de Jesus em 1925, após ter se formado em Direito. Ligado muito ao universo acadêmico e com paixão pelos estudos, fez sua formação para o sacerdócio na Europa, e em 1933 foi ordenado no Chile.

Como é possível perceber, Alberto Hurtado foi um homem do século XX, pois conviveu com as notícias dos sofrimentos das duas guerras mundiais, do desenvolvimento das ciências, dos transportes, dos meios de comunicação, da sociedade de massas, do que é conhecido como Era de Ouro… menos para os pobres.

Ele observou toda a desigualdade de seu país e da América-Latina, ou seja, terríveis cenários de exclusão contra um povo historicamente explorado. Seus primeiros e incansáveis trabalhos nas fronteiras foram com a juventude, coordenando a Ação Católica: Juventude Estudantil Católica (JEC), que organizava os estudantes secundaristas; Juventude Operária Católica (JOC), que articulava os/as jovens trabalhadores/as; e a Juventude Universitária Católica (JUC), responsável pela juventude nas universidades.

Foi um frutífero trabalho junto da juventude, que, por diversas razões, durou apenas três anos. Mas Alberto Hurtado não deixa abalar seu apostolado e continuamente se colocava próximo dos jovens, seja pregando retiros, encontros, envolvendo universitários/as em seus projetos, acompanhando grupos de jovens que queriam entrar na Companhia de Jesus.

Sua obra mais conhecida, o Lar de Cristo (Hogar de Cristo),  nasceu em 1945, a partir de um chamado profundo para levar mais dignidade àqueles que não tinham teto nem trabalho. Contando com a solidariedade do povo e com a providência, Alberto Hurtado também articula jovens para essa empreitada.

No dia 18 de agosto de 1952, com apenas 51 anos, fez sua Páscoa, mas deixando a seguinte mensagem:

”À medida que apareçam as necessidades e as dores dos pobres, busquem como ajudá-los como se ajudaria o Mestre. Ao desejar a todos e a cada um em particular esta saudação, confio-lhes, em nome de Deus, os pobrezinhos.”

 Em 2005 o Papa Bento XVI declara Alberto Hurtado santo dessa Igreja, e hoje é lembrado como santo dos pobres, da juventude e do povo trabalhador.


*Osvaldo Meca é integrante da equipe pastoral do Centro MAGIS Anchietanum, historiador e mestrando em História pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

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