“Uma das mais profundas necessidades do coração humano é a de ser apreciado” (Peter Van Breemen, SJ)

Todo ser humano deseja que o valorizem. Poderíamos dizer que toda pessoa quer se amada, mas isso resulta algo ambíguo, pois se dá tanta variedade nos tipos de amor como nas espécies de flores. Para alguns, o amor é, antes de tudo, uma grande paixão, para outros é mais romântico, outros o consideram como meramente sexual. Mas existe um amor muito mais profundo, que podemos chamar um amor de aceitação.

Toda pessoa deseja vivamente que os outros a aceitem e que a aceitem verdadeiramente pelo que ela é. Nada há na vida humana que tenha efeitos tão duradouros e tão fatais como a experiência de não ser aceito plenamente. Quan-do não sou aceito, algo se rompe dentro de mim. Um bebê não recebido com agrado está arruinado desde as raízes mesmas de seu ser. Um estudante não aceito por seu professor não chegará nunca a aprender. Uma pessoa não aceita por seus colegas de turma padecerá de úlceras e fará impossível a vida daqueles que a rodeiam. Uma vida sem aceitação é uma vida na qual deixa de satisfazer-se uma das necessidades humanas mais primordiais.

Ser aceito quer dizer que as pessoas com quem convivo me fazem sentir que realmente tenho valor e sou digno de respeito. São felizes porque eu sou quem sou. Ser aceito significa que me permitem ser como sou e que, embora todos temos de desenvolver e amadurecer, não me obrigam a isso à força, tampouco me sinto fichado pelo que tenho sido no passado ou pelo que agora sou. Pelo contrário, me deixam campo livre para desenvolver minha personalidade, para emendar-me de meus erros passados e progredir.

A aceitação constitui uma descoberta

Toda pessoa nasce com um grande número de potencialidades, mas se estas não são estimuladas pelo toque cálido da aceitação dos outros, permanecerão adormecidas para sempre. A aceitação, pois, libera tudo o que há dentro de mim. Só quando sou amado, nesse sentido profundo da plena aceitação, posso chegar a ser realmente eu mesmo.

O amor e a aceitação pelos outros fazem possível que eu chegue a ser essa pessoa verdadeiramente única e inédita a que sou chamado a ser.

Quando se estima a uma pessoa pelo que faz, não se lhe trata como a um ser único, porque sempre haverá outra que possa fazer seu mesmo trabalho ou inclusive fazê-lo melhor. Mas quando alguém é amado pelo que é, só então se converte numa pessoa única e insubstituível. Fica claro, portanto, que necessito da aceitação dos outros para alcançar a plenitude de minha personalidade. Quando não sou aceito, não sou ninguém. Uma pessoa aceita é uma pessoa feliz, porque foi descoberta e poderá desenvolver-se.

Aceitar o outro não é aceitar seus defeitos

Não é também tentar encobrir esses defeitos. Tampouco significa que tudo o que ele faça seja genial ou perfeitamente feito. Pelo contrário, ao negar os defeitos de uma pessoa estou demonstrando justamente que não a aceito, ainda não cheguei à profundidade de sua pessoa. Só quando aceito alguém totalmente e sem reservas posso, então, fazer frente a seus defeitos.

Alguns sintomas de não sentir-se aceito: complexo de inferioridade, rigidez, falta de segurança no caminho da vida e falta de coragem para arriscar-se a dar um passo fora do traçado, ânsia incontida de impor-se sobre os outros, excessiva necessidade de chamar a atenção sobre si mesmo, tendência a sentir-se ameaçado, a exagerar as coisas, a murmurar e suspeitar dos outros, falta de confiança básica na reciprocidade.

De maneira negativa, podemos dizer que aceitar uma pessoa significa não dar-lhe nunca motivos para que se sinta pouca coisa. Não esperar nada de alguém é como matá-la ou fazê-la estéril. Já não se pode fazer nada.

Texto Bíblico  Gn 1

 

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