Dando continuidade à semana de oração pelas vocações jesuítas, com estes podcasts dedicados a alguns memoráveis jesuítas, faremos, hoje, memória das vidas doadas do Irmão Vicente Cañas, SJ e do Pe. João Bosco Penido Burnier, SJ. Ambos consagraram suas vidas ao Senhor na Companhia de Jesus, tornando-se verdadeiros sinais de justiça e fraternidade evangélicas. Eles se dedicaram, principalmente, à causa indígena; ao ponto de abraçar, inclusive, o martírio.

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Decerto que a fé em Jesus e, assim, a concretização constante de Seu reinado de amor, justiça, comunhão e paz, em fraternidade e sororidade, não se coadunam com uma ordem injusta e opressora, estabelecida em fomento aos interesses de alguns poucos e em desfavor de muitos. Nesse sentido, Vicente Cañas e Burnier entenderam que o amor incondicional a Jesus Cristo, a que se propuseram a viver, pede uma profunda e livre entrega de si, em favor dos esquecidos e marginalizados pela ordem sócio-político-econômica vigente, de forma a promover encontros pela vida e trazer ao centro a pessoa humana, sendo este seu lugar de direito.

Movidos por este ideal, estes companheiros foram até às últimas consequências. A tentativa de silenciar o grito de justiça que ressoou do testemunho de vida destes companheiros, foi frustrada. Cañas e Burnier entram para a história como verdadeiros apóstolos contemporâneos dos indígenas brasileiros. Amando-os até o fim, lutaram por sua dignidade. Hoje, estão ressuscitados na resistência destes povos originários e são luminares para toda a Igreja.  Agradeça a Deus pelo testemunho de tantas vidas doadas pelo Reino, em especial de Vicente Cañas e Burnier.

Agradeça a Deus por estas vidas, pois, por meio delas, experimentamos a Sua proximidade e seu Amor por nós. Assim, bendizendo a Deus pelo vigoroso testemunho destes companheiros, rezemos juntos.

Pedido de graça

Senhor Jesus, nós te pedimos que a muitos escolhas e chames, que a muitos chames e envies, conforme tua vontade, para trabalhar pela Igreja em tua Companhia. Pouco ainda fazemos e tanto mais poderíamos fazer, se não fosse nossa fraqueza nossa omissão. Por isso, Senhor Jesus, fica sempre à frente na história de nossa vida e na daqueles que escolheste para teu serviço, para que não deixe de realizar, por negligência nossa, a totalidade do teu projeto de amor. Amém.

Texto Bíblico | Mateus 10, 26-33

Reflexão

No decorrer dos séculos, diversos foram os mártires que tiveram seu sangue derramado por causa da fé em Jesus que testemunharam (Mt 10, 26-33). Esse sangue, no entanto, antes uma tentativa de silenciamento, resultou em testemunho de vidas doadas, que animaram o povo de Deus a nunca esmorecer na luta pela vitória do bem e do amor. Dessa forma, o martírio gera frutos, pois, tal como diz o Evangelho de João, “Em verdade, em verdade eu vos digo: se o grão de trigo, ao cair na terra, não morrer, ficará sozinho. Mas se morrer, produzirá muito fruto” (Jo 12,24).

Assim, em que pese o martírio não ser um objetivo primeiro, este se constitui em uma consequência do testemunho fiel ao Evangelho, suportada por aqueles que não puseram seus interesses próprios sobre os demais, mas, ao contrário, entenderam, a partir da sensibilidade e do discernimento no contexto em que estão inseridos, o que é abrir-se à gratuidade e o amor de Deus e, assim, se comprometer com o Seu Reino. Portanto, o mártir, por meio de seu radical profetismo, denuncia tudo aquilo que impede que a vida aconteça em sua plenitude.

É dessa forma que Vicente Cañas e Burnier conduziram suas vidas. Ambos, por fidelidade e amor a Jesus, fizeram uma releitura de sua fé e consagração ao Senhor, por meio da Companhia de Jesus, na cultura indígena. Falaram, assim, a língua destes povos originários do Brasil; tanto a língua falada, quanto a linguagem da vida por eles experimentada. Inculturaram-se!

No meio dos povos Bakairi, Myky, Enawenê-Nawê, entre outros, deram seu testemunho, deixando-se transformar pela missão. Entenderam que “o serviço da fé implica na inegociável promoção da justiça” e, assim, livremente, se comprometeram com esta causa e entregaram suas vidas de forma consciente.

Cañas e Burnier, jesuítas, aprenderam do Peregrino Inácio de Loyola a deixar-se conduzir pelo Senhor e, desta forma, colocaram-se à serviço de Sua maior glória. Assim, puseram-se a caminho como peregrinos do amor libertador e fizeram de suas vidas uma promoção de encontros verdadeiros, profundos e radicais, em favor da dignidade humana. Foram assassinados! O seu sangue derramado regou a semente lançada e fortaleceu a luta! As armas não os calaram e suas vozes ainda podem ser ouvidas no canto de resistência dos povos indígenas que tanto amaram. Ressuscitaram!

Provocações

  • De que forma os testemunhos evangélicos do Ir. Vicente Cañas, SJ e Pe. Burnier, SJ me questionam internamente?
  • Também eu tenho promovido encontros pela vida, assumindo a causa do Reino?
  • Como tem sido o anúncio do amor de Deus que tenho realizado?

Revisão

Recordo o meu encontro com Deus. Anoto o que foi mais importante na oração: texto mais significativo (palavras, frases e imagens); pensamentos predominantes; questionamentos; os sentimentos de consolação e desolação; se houve apelos e como me senti diante deles.

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