Escrito pela Irmã Tomelina Maria Barbosa, FI

A firmeza dos propósitos que percebemos nos Santos nos ajudará a fazer um processo de descoberta da vontade de Deus Pai, o conhecimento interno dessas vontades se encontra na realização da nossa vida. Do relato de peregrinação de Santo Inácio em conhecer Jesus, ele queria ver detalhes do caminho de Jesus Cristo.

Mas, pareceu impossível, pois, estando Inácio em Jerusalém e com o firme propósito de neste lugar permanecer, “o provincial [o que tinha a jurisdição sobre os outros conventos da Terra Santa] disse-lhe, com boas palavras, como tinha sabido da sua boa intenção de ficar naqueles lugares santos e que tinha pensado muito na coisa, e que pela experiência que tinha de outros, pensava que não convinha. Porque muitos haviam tido aquele desejo, e uns tinham sido presos e outros tinham morrido e que depois a religião ficava obrigada a resgatar os presos; e que, portanto, se preparasse para ir no dia seguinte com os peregrinos” (Autobiografia, n.46).

Ele respondeu a isto que tinha este propósito muito firme, e que por nenhuma coisa deixaria de o pôr por obra, dando honestamente a entender que, ainda que ao provincial não lhe parecesse, ele não deixaria o seu propósito por nenhum temor.

Todos já nos encontramos em situações difíceis, onde temos que decidir opções e desejos. Às vezes são ações externas ou mesmo internas que nos impedem de mudar, esperar, ponderar e de realizar… não apenas diante do superior, mas em nós mesmos, pois temos necessidade de afirmarmos em nossas contradições e divergências. Santo Inácio vive com intencionalidade essa experiência, o seu firme propósito e desejo, como devoção, era ir visitar o Monte Sião na cidade Santa, Jerusalém.

Na experiência de Inácio, que era um homem de grandes desejos, de firmes propósitos e sonhos, ou seja, alguém realmente capaz de vibrar com a vida, seus propósitos, intenções e sonhos mundanos são abandonados para se tornar um humilde peregrino, obediente à Igreja, aos superiores e apaixonado pelo Senhor do Reino.

Essas experiências, desejos incomuns, divergências e vulnerabilidade que muitos de nós vivenciamos são todas as maneiras de nos tornarmos conscientes do desejo inato por Deus, assim damos início ao processo de realização dos firmes propósitos de seguimento. A assembleia de Jerusalém, de forma criativa e positiva, distingue o que é dispensável ou não; juntamente com o Espírito Santo movendo para decisão.

A pessoa humana é um ser aberto à transcendência, a ir além de si mesmo, a realizar um desejo de felicidade e plenitude. Aberto ao infinito… como se alguém a chamasse de longe e, ao mesmo tempo, desde o mais profundo de si mesma. Devemos considerá-lo como um fato, quando as literaturas Inacianas dizem que “dá por certo que nós temos inteligência”, ao imaginar esta peregrinação, viagem, visita e encontro. Escute suas palavras, olhe suas reações firmes, e deixe que eles compartilhem o que experimentam.

Como se manifesta seu propósito diante das dificuldades? Você é uma pessoa obediente aos seus administradores e superiores? O que na vida de Jesus te atrai para que faça algo extraordinário?

Toda a espiritualidade inaciana, admiravelmente resumida nos Exercícios Espirituais, fundamenta-se no íntimo conhecimento de Jesus Cristo, seu amor e sua imitação. Quem descobre Jesus, profundamente, torna-se apóstolo e missionário, ao natural. A frase de Inácio: “Ninguém sabe o que Deus faria de nós, se não puséssemos tantos obstáculos à Sua graça”. Deus sempre procura por nós, mesmo através de nossas crises, ele não perde a oportunidade de nos encontrar.

Para o seguimento é necessário, ter conhecimento interno de Jesus; ter uma Igreja formada por cristãos que se relacionam com Jesus, como alerta o evangelista São João (cf. 14,15-21). Podemos verificar um convite do próprio Jesus que diz: “Não tenhais medo! Ide anunciai aos seus irmãos que se dirijam à Galileia. Lá me verão” (Mt 28,7).

Texto bíblico: Mt 28, 7.16-17

#Clique aqui e faça o download da versão para impressão desta reflexão.
Veja também a última reflexão.

Compartilhar.
Deixe uma resposta