É chegada a hora de praticar o novo paradigma da ecologia integral

No dia 27 de outubro, último domingo, a missa celebrada na Basílica de São Pedro encerrou as três semanas do Sínodo para a Amazônia, onde bispos dos nove países que compõem a Pan-Amazônia estiveram reunidos com o Papa Francisco para sugerir e apontar novos caminhos para a Evangelização na região e para uma ecologia integral.

Um dos frutos deste encontro foi o Documento Final, que lança luzes para a atuação prática da Igreja agora que cada participante retorna às suas realidades. Todos os 120 parágrafos do texto foram votados pelos padres sinodais e aprovados quase por unanimidade. O documento está dividido em cinco capítulos e é norteado por uma conversão que tem diferentes significados: integral, pastoral, cultural, ecológica e sinodal. Dentre tantos temas presentes no texto, há alertas sobre as ameaças à vida na Amazônia em suas diversas formas e, diante disso, um consequente um chamado à conversão integral; há uma Igreja com rosto indígena, migrante e jovem; há a valorização do diálogo ecumênico e da cultura dos povos amazônicos; há a dimensão socioambiental da evangelização, uma Igreja ministerial e novos ministérios, além da presença e vez da mulher e muitas outras propostas.

Para o Papa Francisco, o Sínodo foi muito expressivo nos diagnósticos que foi capaz de realizar e diz que, diante deles, “a sociedade deve assumir a sua responsabilidade”. O Pontífice recordou ainda que não é obrigatória uma exortação pós-sinodal, porém informou que “em todo caso, uma palavra do Papa sobre o que se viveu no Sínodo pode ser uma boa coisa e gostaria de fazê-lo antes do final do ano, de modo que não passe muito tempo”.

Luciano de Moura Machado, coordenador da Comissão Socioambiental da Diocese de São José dos Campos, São Paulo, nos lembra que “o Sínodo não para agora no dia 27, mas ele deve continuar no nosso cotidiano, nos trabalhos pastorais, para que sejam atos de cuidado da Casa Comum, não só quanto à natureza, mas também dos aspectos sociais, que são testemunho da nossa fé”.

Em sua fala na missa de encerramento, o Papa Francisco nos fez um bom levantamento sobre o que foi o Sínodo. Deixemos que estas palavras do Santo Padre reverberem em nossos corações e nos movimentem em direção à defesa da Amazônia e de seus povos, atuando onde quer que estivermos: “Neste Sínodo, tivemos a graça de escutar as vozes dos pobres e refletir sobre a precariedade das suas vidas, ameaçadas por modelos de progresso predatórios. E, no entanto, precisamente nesta situação, muitos nos testemunharam que é possível olhar a realidade de modo diferente, acolhendo-a de mãos abertas como uma dádiva, habitando na criação, não como meio a ser explorado, mas como casa a ser guardada, confiando em Deus. Ele é Pai e – diz ainda Ben Sirá – ‘ouvirá a oração do oprimido’ (35, 13). E quantas vezes, mesmo na Igreja, as vozes dos pobres não são escutadas, acabando talvez vilipendiadas ou silenciadas porque incômodas. Rezemos pedindo a graça de saber escutar o clamor dos pobres: é o clamor de esperança da Igreja. (…) Assumindo nós o seu clamor, também a nossa oração – temos a certeza – atravessará as nuvens”.

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