Por que nosso nome revela nossa vocação
Por Douglas Turri, SJ
Na vida, os nomes não são apenas etiquetas: eles revelam algo do mistério que carregamos. Chamamos alguém pelo nome porque o reconhecemos, porque desejamos estar próximos. O nome é, muitas vezes, o primeiro gesto de pertença.
E é justamente a partir do nome que podemos compreender melhor a vocação dos jesuítas.
Por que não somos chamados de “inacianos”?
Afinal, Inácio de Loyola é o fundador da Companhia de Jesus. Seu exemplo, seus escritos e sua espiritualidade marcaram profundamente a identidade da ordem. Mesmo assim, ele fez uma escolha ousada e inspiradora: não quis deixar seu nome à frente da missão. Em vez disso, apontou para o centro de tudo: Jesus Cristo.
A seguir, descubra por que nos chamamos Companhia de Jesus — e como esse nome expressa uma vocação que pode também falar ao seu coração.
O nome que nasce de um encontro
No caminho para Roma, Inácio teve uma experiência espiritual decisiva. Na capela de La Storta, enquanto rezava, viu Jesus carregando sua cruz e ouviu Deus Pai dizer:
“Desejo que tomes este homem por teu servo.”. Jesus completou: “Minha vontade é que nos sirvas.”.
Inácio entendeu que não era chamado apenas a seguir Jesus, mas a estar com Ele em Sua cruz, em Sua missão, em Sua entrega por amor à humanidade. Era o início de uma nova forma de viver: em companhia com o Filho.
Companhia de Jesus: mais que um nome
Inspirados por essa experiência, Inácio e seus amigos escolheram um nome que não os colocasse no centro, mas que deixasse claro a quem pertenciam e a quem serviam. Assim nasceu a Companhia de Jesus! Uma expressão que comunica missão, proximidade e comunhão com Cristo.
Mais do que uma designação religiosa, esse nome revela um jeito de viver a fé: com Jesus, como Jesus, por Jesus.
Uma vocação que transforma
Toda a espiritualidade inaciana nasce de um desejo profundo: conhecer Jesus intimamente, amá-Lo profundamente e segui-Lo de perto.
É isso que molda a vocação de um jesuíta: estar com Cristo, configurando-se com Ele em tudo: no modo de olhar o mundo, nas escolhas concretas, no serviço aos outros. A missão é sempre resposta a esse encontro que transforma.
E hoje?
Ser jesuíta hoje é manter vivo esse mesmo desejo: estar com Jesus, entre os demais. É dizer “sim” a um chamado que continua ecoando no coração de muitos. É deixar-se mover por um amor que chama, envia e sustenta.
E você, deseja estar em companhia com Jesus?
A vocação começa assim: com uma pergunta. Com um desejo que vai crescendo no silêncio da oração, na escuta da vida, no encontro com os outros. Talvez Jesus também esteja chamando você.
Talvez seu lugar também seja na Sua companhia.