Anchieta: Entre Fragilidade e Força, Um Coração Missionário

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Ir. Douglas Turri, SJ

Celebrar São José de Anchieta é muito mais do que recordar um santo da nossa história; é fazer memória da presença do Patrono dos Jesuítas no Brasil, testemunha viva de força espiritual, coragem missionária e amor sem limites. É também atualizar e confirmar sua relevância para a nossa missão hoje — uma luz que nos guia e um fogo que nos move.

Anchieta foi um homem de corpo frágil, mas de força inquebrantável. Descrito como “magro, de espírito forte e decidido”, irradiava uma vitalidade missionária que transcendia qualquer limitação física. Viveu 44 anos percorrendo o Brasil, levando a boa nova do Evangelho com coragem e determinação. Embora marcado desde jovem pela tuberculose óssea, que o deixou curvado, sua força espiritual jamais se deixou dobrar.

Nascido em Tenerife, Espanha, em 1534, Anchieta sentiu ainda jovem o chamado à vida religiosa, mesmo em meio a doenças e limitações físicas. Sua enfermidade nunca foi obstáculo para seu zelo apostólico. Encontrou força na certeza de que “Deus o amava como era”, como lhe disse o Pe. Simón Rodrigues. Animado pelas cartas do Pe. Manuel de Nóbrega, partiu para o Brasil aos 19 anos, decidido a doar-se inteiramente à missão.

Aqui, ele nos ensinou que a força de um jesuíta não se mede pela saúde física, mas pela coragem de amar e servir. Dizia aos irmãos: “Não basta sair de Coimbra com fervor que logo se esvai; é preciso ter alforjes cheios para durar até o fim do dia.” Anchieta encarnou essa força incansável: fundou aldeias, defendeu os povos indígenas, foi professor, escritor, poeta, gramático e catequista. Seu amor pelos nativos era a chama que mantinha viva sua força missionária: “Sinto pelos índios — dizia — que são mais próximos do que os portugueses, porque é por eles que vim buscar no Brasil.”

Seus escritos em latim e tupi, suas peças de teatro e catecismos mostram como colocou seus talentos a serviço da missão, integrando cultura, língua e fé numa única obra apostólica. Suas viagens incessantes, mesmo nos últimos anos de vida, inspiram-nos a viver com mobilidade apostólica, prontidão e liberdade espiritual.

O Pe. Geral Adolfo Nicolás nos lembra: “Os desafios da nossa missão hoje exigem cada vez mais a revitalização do corpo apostólico da Companhia. A fonte da qual Anchieta extraiu vitalidade foi sua profunda experiência espiritual. Sua reputação de santo repousa em seu amor, oração, humildade e serviço.”

Anchieta foi, para o seu tempo e para o nosso, um verdadeiro fogo apostólico. Sua força espiritual brotava de uma profunda experiência de Deus, sustentada por amor humilde e oração constante. Suas doenças não o impediram de exercer a missão: foi amigo dos pobres, defensor dos doentes, conselheiro de governadores e, acima de tudo, irmão e amigo de todos.

Hoje, somos chamados a continuar essa missão com o mesmo ardor de Anchieta: uma força que não se contenta com o mínimo, mas que vai até o fim, enfrentando desafios e fronteiras, improvisando, criando e reinventando-se, sempre buscando “a maior honra e glória de Deus”.

Que São José de Anchieta seja, para cada um de nós, patrono e inspiração, modelo de disponibilidade e força espiritual, despertando em nós o desejo de buscar, com a mesma força interior, a vontade de Deus. Que aprendamos dele a integrar fraqueza e força numa vida apostólica generosa e incansável, capaz de enfrentar as fronteiras do nosso tempo com liberdade, criatividade e amor.

Anchieta, Patrono dos Jesuítas no Brasil, rogai por nós e fortalecei a nossa missão!

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