Da Redação

Deus, o Eterno Compositor, emite uma melodia suave e convidativa que ecoa nos corações. É um chamado, uma vocatio, em latim, que convida a alma a abraçar uma missão divina, uma vida dedicada ao amor e ao serviço. Essa chamada é uma doação graciosa, uma aventura a ser embarcada, como Abraão, que saiu de sua terra, ou os pescadores que seguiram Jesus (Mt 4, 19-22). É um presente, um convite a transformar a vida em uma bênção contínua.

Imaginem-se despertando, como José, para um sonho profundo, um sonho de amor e propósito. A resposta a essa chamada é um ato livre, corajoso e responsável. É o “sim” de Maria que dá lugar à vinda do Salvador. É o abraço corajoso da missão, um aceno para a aventura divina. “Ó Jesus, meu amor… Minha vocação, enfim, a encontrei, minha vocação é o amor” (Santa Teresinha do Menino Jesus). É a possibilidade de seguir os passos de Paulo e Barnabé, explorando novas terras em nome do Evangelho.

A vocação é a missão, é o caminho que leva à evangelização dos povos. É o esforço apaixonado para alcançar outros, como São Paulo entre os pagãos. “A messe é grande, mas os operários são poucos” (Lc 10,2). É a missão da Igreja de anunciar a boa-nova de Jesus em todos os cantos do mundo. É uma viagem emocionante, cheia de desafios e recompensas, com altos e baixos, como qualquer grande epopeia.

A vocação é uma história em movimento. É a ação missionária, um compromisso contínuo de levar a mensagem de Deus para aqueles que ainda não ouviram. É uma dança entre o antigo e o novo, respeitando tradições e abraçando mudanças, como São Gregório Magno aconselhando sobre a transformação dos templos pagãos.

O chamado do Senhor é correspondido por uma resposta humana de forma livre e responsável, dado com amor na presença de Deus. É um comprometimento à missão e à doação contínua de si mesmo, como Jesus fez.

A vocação sacerdotal é um chamado especial para servir a Igreja e liderar o povo de Deus. Como nos ensina o CIC 1578, o sacerdócio não é um direito, mas um presente, uma vocação, um chamado divino. É uma missão divina de pregar o Evangelho, oferecer os sacramentos e orientar as almas no caminho da salvação.

A vocação religiosa é a chamada para viver uma vida de radicalidade entre a oração e o serviço em uma ordem ou comunidade religiosa. Envolve uma entrega total a Deus e uma vida de amor e serviço aos outros, seguindo os ensinamentos e o exemplo de Cristo. “A vocação religiosa é o grande tesouro na Igreja, daqueles que seguem o Senhor de perto, professando os conselhos evangélicos” (Papa Francisco).

A vocação leiga alcança de uma forma mais geral todos aqueles que servem a Igreja sem a consagração religiosa ou sacerdotal, como são os catequistas e os líderes pastorais. É uma forma especial de servir ao Reino de Deus, participando ativamente da vida da Igreja e contribuindo com os talentos individuais para a missão comunitária.

Vale aqui fazermos uma menção honrosa à vocação matrimonial, que é um chamado divino para viver o amor conjugal e familiar. É a família a base de nossa sociedade e a partir dela que nascem as outras vocações. Como a Igreja ensina na Gaudium et Spes: “Os filhos são, sem dúvida, o mais excelente dom do matrimônio”. É a partir da família que o filho pode sentir o chamado para se tornar padre ou seguir outra vocação. “O matrimônio é um sinal precioso, porque, «quando um homem e uma mulher celebram o sacramento do matrimônio, Deus, por assim dizer, “espelha-Se” neles, imprime neles as suas características e o caráter indelével do seu amor. O matrimônio é o ícone do amor de Deus por nós. Com efeito, também Deus é comunhão: as três Pessoas – Pai, Filho e Espírito Santo – vivem desde sempre e para sempre em unidade perfeita. É precisamente nisto que consiste o mistério do matrimônio: dos dois esposos, Deus faz uma só existência. Isto tem consequências muito concretas na vida do dia a dia, porque, «em virtude do sacramento, os esposos são investidos numa autêntica missão, para que possam tornar visível, a partir das realidades simples e ordinárias, o amor com que Cristo ama a sua Igreja, continuando a dar a vida por ela» (Amoris Laetitia 121).

A vocação é semeada em nossos corações desde o nascimento, mas é na juventude que floresce e nos instiga a descobrir o nosso caminho. É na juventude que buscamos o sentido de nossa existência, nosso propósito, nosso lugar no mundo. Lembramos aqui também do “magis”, que é essa busca para ser mais, melhor, para nós e para os outros, num sentido de nos descobrir na vocação para ser mais, para servir mais e melhor.

A Rede Inaciana de Juventude – MAGIS Brasil, com seus centros, espaços e frentes apostólicas espalhados pelo país, está em constante diálogo com os jovens sobre o tema vocacional. E isso vale tanto para homens quanto para mulheres e, mais ainda, queremos contribuir com cada um na construção de um futuro cheio de esperanças, de um projeto de vida assertivo e que seja exitoso para si e para os demais.

Caro jovem, o chamado está aí, a melodia suave de Deus está ressoando em seu coração. Não é um eco distante, mas uma voz clara e cativante, um convite pessoal do seu Criador. A vocação não é apenas sobre o que você fará, mas quem você será. É uma jornada de amor, descoberta e resposta. É o caminho para uma vida!

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