Luciano Coutinho Paulino, SJ
O trabalho dos jesuítas na região da Amazônia é bastante diverso. Trata-se de um lugar destacado principalmente pelo número de jesuítas que trabalham diretamente com o apostolado socioambiental. O contexto em que estou inserido representa simultaneamente uma novidade e uma série de oportunidades. É novidade na medida em que sou recém-chegado a essa região com a missão de trabalhar no Centro Alternativo de Cultura (CAC) em Belém (PA). Minha presença aqui é um desdobramento do magistério, etapa de formação pela qual os estudantes jesuítas vivenciam após os primeiros estudos na Companhia de Jesus.
Diante disso, surgem oportunidades que se orientam em torno do apoio e da convivência, por meio de uma presença qualificada e disponível, em consonância com as principais pautas socioambientais executadas pelo CAC. É uma missão levada adiante por colaboradores contratados, estagiários, voluntários e jesuítas. A possibilidade de encontrar pessoas dedicadas à transformação da dura e injusta realidade social em que vivem e deixar-se afetar por suas histórias de luta, seus apelos de resistência e seus sonhos de esperança, é o que há de mais especial nestes momentos iniciais de presença na região metropolitana de Belém.
A descrição da identidade do CAC oferecida pelo site da PAAM é a seguinte: “O CAC desenvolve nas periferias urbanas de Belém, e em comunidades ribeirinhas, quilombolas, indígenas, assentadas Processos Educativos Humanizadores, Transformadores e Emancipatórios com crianças e adolescentes, famílias, lideranças comunitárias, e educadores populares voluntários possibilitando o fortalecimento da autonomia e da cidadania, baseando-se na Educação Popular Freiriana e na Pedagogia Inaciana para a defesa da vida e promoção da justiça socioambiental”[1].
De que forma um estudante jesuíta pode colaborar com essa missão? Entendo que a principal contribuição de um jesuíta no contexto amazônico pode ser a promoção do discernimento inaciano como método de tomadas de decisão. Além disso, a promoção dos valores cristãos e o trabalho em favor dos direitos humanos são ações que revelam e demonstram na prática o amor pessoal a Jesus Cristo que cada jesuíta é motivado a cultivar como característica essencial de nossa vocação.
Uma experiência marcante que ilustra essa realidade foi a oportunidade de celebrar o Natal com a comunidade do Complexo do Distrito Industrial (CDI), na zona rural do município de Barcarena, situado na região metropolitana de Belém. Minha presença nesse tempo tornou-se possível por conta da articulação entre CAC e a recém-criada paróquia local, São João Paulo II. De 18 a 25 de dezembro, fiz inúmeras visitas à idosos, doentes e famílias na perspectiva de partilhar a vida e a palavra de Deus. Tudo isso junto com os agentes de pastoral da comunidade católica e com as mulheres participantes voluntárias do CAC no projeto “tecendo resistências, potencializando a economia solidária e a geração de renda na Amazônia”. Nesse período de alegria, fui acolhido pelas famílias e celebrei os dias da novena de Natal junto com a comunidade. O principal desafio foi perceber o quanto ainda são necessários apoio e assistência socioambiental para que a população dessa comunidade tenha seus direitos garantidos e seus sonhos realizados
Referências:
[1] https://paamsj.org.br/centro-alternativo-de-cultura-cac/




