No ano de 2022, mais de 156 milhões de eleitoras e eleitores 1são convocados às urnas. Esse momento representa parte importante de nossa democracia, onde se dialoga e constitui a proposição de permanências e transformações do processo de tomada de decisão da vida pública. Nossa democracia, muito nova e constantemente atacada ao longo da nossa história, aponta para nós o modelo de país, de ser humano e de sociedade que pretendemos construir. 

Partindo desse chamado que a sociedade faz, e da nossa missão enquanto cristãs e cristãos de “estender o alcance do amor à toda humanidade”2, é de suma importância nossa presença nos espaços de reflexão da política, intensificando processos que possibilitem a nós, parte da sociedade, construirmos juntas e juntos uma sociedade ancorada no bem comum. 

A Campanha Ser Mais Presente nos convida, principalmente em seu itinerário tempo, a refletir a nossa realidade, o momento do agora, espaço propício para ação, para alinhar a rota e seguir. Nesse sentido, esse tempo do agora nos convida a refletir conjuntamente qual o projeto de país queremos construir. 

Partindo do que nos diz Papa Francisco em sua Encíclica Fratelli Tutti, é preciso compreender que  

É caridade acompanhar uma pessoa que sofre, mas é caridade também tudo o que se realiza – mesmo sem ter contato direto com essa pessoa – para modificar as condições sociais que provocam o seu sofrimento […] (FT, n.182) 

Nesse sentido, enquanto seguidores de Cristo e corresponsáveis pela continuidade de sua missão nesse mundo, precisamos buscar as melhores alternativas em atender ao conjunto de pessoas que compõem essa Casa Comum.

Partindo do olhar da experiência inaciana, tais processos de tomada de decisão precisam corresponder à efetividade do serviço, como testemunho concreto de mais amar para melhor servir. No caso das eleições, ocorrendo dentro de um cenário e de um panorama de liberdade e justiça, correspondendo aos diferentes contextos em que a população está inserida, considerando a laicidade do Estado e o respeito às diferenças enquanto papel agregador do processo de consolidação das decisões que a interpelam. Respondendo a esses apelos, convidamos as juventudes espalhadas pelo nosso país, a refletirem conosco, dentro de nossas particularidades locais e conjunturais enquanto país, passos significativos que podemos dar para melhor atender as pessoas mais vulneráveis, construindo em coletividade um projeto de país, olhando com atenção e cuidado para cada cargo a qual estamos indicando pessoas a atuarem junto conosco. 

Para além disso, o voto em um/a candidato/a não expressa que esse/a poderá agir de forma individual, operando conforme os próprios pensamentos, mas sim, ancorado numa consciência que é coletiva, representando e refletindo conjuntamente aquilo que o grupo ao qual pertence prioriza.  

A ação Ser Mais Presente nas Eleições visa fornecer pontos para a continuidade de nossas reflexões pessoais e comunitárias acerca do processo de tomada de decisão para o futuro do país; buscando sempre a centralidade da figura de Jesus Cristo que, enquanto homem, caminhou junto dos mais fracos e vulneráveis, tinha suas palavras e ações voltadas ao compromisso com a justiça, não buscava nos ricos a fonte de sua missão, mas, nos pequenos e descartados de sua época, vislumbrava o motivo de sua missão: o Reino de Deus, no qual há vida plena para todos e todas (Jo 10, 10). 

No ardente desejo de encantar a política, partindo do momento das eleições em si, será de extrema importância a continuidade de diálogos e reflexões acerca dessa temática, pois  

“Política não se faz apenas no momento eleitoral, mas também no dia a dia da comunidade local, na participação em manifestações públicas e em todos os espaços da vida coletiva” (CNLB, 2022, p.14) 

Convidamos todas e todos para seguirmos refletindo, em redes, a provocação que esse tempo nos faz. Participando do diálogo profundo e verdadeiro sobre o projeto de país a ser desenhado de forma coletiva, dando visibilidade a materiais e espaços formativos criados com o intuito de melhor olhar para a realidade na qual estamos imersos, as possibilidades a serem vivenciadas e os caminhos a serem abertos. 

Nesse caminho, ao longo das próximas semanas, voltaremos nosso olhar para esse período eleitoral com o suporte da cartilha “Encantar a Política”, um documento construído coletivamente por diferentes instituições religiosas, pastorais, institutos, tais como, o CNLB (Conselho Nacional do Laicato do Brasil) e a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). 

Vamos, em unidade, ser mais presente nas eleições!


¹ Fonte: Tribunal Superior Eleitoral – Estatísticas de Eleitorado, disponível em: <<https://sig.tse.jus.br/ords/dwapr/seai/r/sig-eleitor-eleitorado-mensal/home?session=5944700687291>> Acesso em: 02 ago. 2022.
² Retirado da Cartilha Encantar a Política, disponível em: <<https://cnlb.org.br/encantarapolitica/>> Acesso em: 02 ago. 2022.
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