Ir. Douglas Turri, SJ
Seguir Jesus como jesuíta não é apenas escolher um estilo de vida diferente. É ousar um caminho de paixão pelo Evangelho, de entrega total e de serviço à missão de reconciliação que a Companhia de Jesus assume hoje: com Deus, com a humanidade e com a criação.
Desde os primeiros passos, a Companhia nasceu com um forte impulso missionário. Inácio de Loyola e seus companheiros sonharam uma Igreja em saída, capaz de chegar “a todas as partes do mundo”. Foi assim que São Francisco Xavier atravessou oceanos até a Ásia, e que José de Anchieta se lançou ao coração do Brasil.
Cada um, à sua maneira, encarnou o mesmo desejo: anunciar o Evangelho e acender esperança onde parecia não haver saída. Hoje, a missão da Companhia continua viva, inspirada por esses exemplos e pelo chamado atual da Igreja: ser missionários de esperança entre os povos, como nos recorda o Papa Francisco.
Essa missão se concretiza em ministérios muito diversos: dos rincões da Amazônia aos centros de espiritualidade, dos serviços com migrantes e refugiados às escolas e universidades, dos espaços paroquiais aos centros sociais em defesa da vida. E ela não é vivida apenas pelos jesuítas: um número crescente de leigos e leigas assumem conosco essa missão, como verdadeiros parceiros na fé.
Ser missionário hoje na Companhia é cultivar a certeza de que vemos Cristo no outro. É embarcar numa verdadeira aventura que une espiritualidade, vida concreta e serviço. Foi esse espírito que levou Inácio a enviar Francisco Xavier ao Oriente, com um convite que ecoa até hoje:
“Vai, incendeia o mundo!”
Mas afinal, o que precisa pulsar no coração de quem deseja incendiar o mundo?
A 36ª Congregação Geral recorda:
“Em vez de perguntar o que devemos fazer, buscamos compreender como Deus nos convida — e a tantas pessoas de boa vontade — a participar dessa grande obra.”
E para compreender esse chamado, é preciso cultivar:
Um coração inquieto por Deus
Alguém que não se contenta com respostas fáceis. Deseja rezar, discernir, escutar, encontrar Deus em todas as coisas. Um buscador apaixonado, que deixa o Evangelho guiar suas escolhas.
Olhos abertos às dores do mundo
Ser jesuíta hoje é não desviar o olhar das feridas da humanidade: os pobres esquecidos, os jovens sem futuro, os migrantes, os idosos abandonados, a casa comum ferida. É sentir-se chamado a ser ponte, abraço e presença de esperança.
Coragem para ir além
O missionário jesuíta não tem medo de arriscar. Vai onde for mais necessário, aprende com culturas diferentes, caminha com quem pensa diferente. Esse é o espírito do envio missionário: arriscar tudo por Cristo.
Espírito de comunhão
Na Companhia, ninguém caminha sozinho. Nossa missão é sempre em parceria: com leigos, leigas, religiosos, religiosas, com todos os que sonham um mundo reconciliado. É um chamado a trabalhar junto, reconhecendo Cristo no outro.
Esperança que se contagia
Mais do que palavras bonitas, o jesuíta é testemunha. Sua vida deve falar de esperança, mesmo nas situações mais escuras. É alguém que acredita que o amor de Deus pode transformar tudo — e vive para mostrar isso.
E você?
Se o teu coração também arde por algo maior, se dentro de ti ressoa o desejo de amar e servir mais, se sentes a inquietação de ajudar a transformar o mundo, talvez este chamado também seja para ti.
“Vai, incendeia o mundo!”
(Inácio de Loyola a Francisco Xavier)







