Ir. Douglas Turri, SJ
Há escolhas na vida que não são apenas decisões… São verdadeiras revoluções interiores. Escolhas que rompem expectativas, abalam estruturas e transformam não só quem as faz, mas todos ao seu redor. A vida de São Luís Gonzaga é uma dessas escolhas, feitas com coragem, lucidez e uma fé inabalável.
Filho da nobreza italiana, herdeiro de um castelo, de um título, de uma fortuna e de todas as honras do mundo, Luís foi criado para o poder, para a guerra e para os jogos de influência que marcavam as cortes da Europa. Esperava-se que ele desse continuidade à linhagem dos Gonzaga, uma das famílias mais poderosas de seu tempo.
Mas, ainda muito jovem, ele olhou para tudo isso e fez uma pergunta que mudaria o rumo da sua história: “A quem eu quero realmente servir?”
Foi então que, num mundo dividido entre duas forças — uma que seduz com orgulho, prestígio e riquezas, e outra que convida à humildade, ao serviço e à entrega — Luís escolheu a bandeira de Cristo. A mesma bandeira que, nos Exercícios Espirituais de Santo Inácio, nos convida a seguir o Rei Eterno: pobre, humilde e crucificado, mas cheio de amor e portador da promessa de vida plena.
Essa decisão não foi fácil nem romântica. Luís enfrentou a oposição violenta do próprio pai, rompeu com os sonhos da família e deixou para trás castelos, títulos e seguranças. O que, para muitos, pareceria loucura, para ele era caminho de liberdade. Sob a cruz, descobriu a verdade do seu chamado.
Sua vida não foi marcada por conforto nem por glórias humanas. No auge da juventude, quando uma peste assolava Roma, Luís não fugiu. Escolheu estar entre os pobres, os doentes e os que sofriam. Foi ao cuidar de um homem infectado que contraiu a doença que o levou à morte. Tinha apenas 23 anos.
O jovem que um dia vestiu armaduras de ouro para agradar seu pai terminou a vida com outra armadura: a da fé, da esperança e do amor. Seus olhos, no momento da morte, estavam fixos no crucifixo — como quem sabe exatamente para quem viveu e para quem morria.
A vida de São Luís Gonzaga nos recorda, com força e beleza, que uma escolha feita por amor a Cristo tem o poder de redefinir tudo. Não há bandeira mais digna de ser levantada do que a do Evangelho. A verdadeira grandeza não está nos títulos que o mundo oferece, mas na coragem de viver inteiramente para Deus e para os irmãos.
Diante dele, somos convidados a nos perguntar:
- A quem estou servindo?
- Qual bandeira guia os meus passos?
- Quais decisões preciso tomar para que Cristo seja, de fato, o centro da minha vida?
Escolher Cristo nunca será a decisão mais fácil. Mas é, sem dúvida, a única capaz de dar sentido eterno à nossa história.
