“Hoje, em nosso mundo inquieto, dilacerado e desfigurado por egoísmos e lógicas de poder, a arte representa, talvez mais que no passado, uma necessidade universal, enquanto fonte de harmonia e paz”. Estas palavras foram pronunciadas pelo Papa Francisco em 2018, porém seu significado nestes tempos que temos vivido se torna ainda mais profundo e verdadeiro. Em meio às tantas dificuldades que a pandemia de coronavírus e as crises que estamos enfrentando nos impõem, a arte e a beleza, expressas de tão diferentes maneiras, nos ajudam a cultivar a sanidade, encontrar caminhos de equilíbrio e a refletir aquilo que é essencial em nossas vidas.

Como tantos homens e mulheres o fazem hoje neste nosso tempo, São José de Anchieta soube comunicar o que ouviu do Senhor através de lindas expressões artísticas – música, poesia, teatro – que ainda hoje, 423 anos após sua morte, nos conduzem “ao Amor que nos criou, à Misericórdia que nos salva e à Esperança que nos espera” (Francisco).

O Apóstolo do Brasil nasceu numa região de paisagem distinta destas terras tropicais onde depois viveu maior parte de sua vida. Foi próximo aos vulcões da Ilha de Tenerife, território espanhol, que em 19 de março de 1534 veio ao mundo José de Anchieta. Criado em família cristã, desde pequeno lhe encantava o exemplo de missionários que saíam de suas terras para anunciar a alegria do Evangelho em novos mundos. O jovem garoto estudou humanidades em Coimbra, no Real Colégio de Artes, ao lado de rapazes que pertenciam à recém-fundada Companhia de Jesus. Inspirado pelos colegas, aos 17 anos, José de Anchieta torna-se jesuíta.

Ainda jovem, experimentou os sofrimentos causados por uma doença que lhe acompanharia o resto de sua vida. Uma espécie de tuberculose óssea dificultou não apenas sua respiração, como também as esperanças de tornar-se um grande missionário, o que lhe doía mais do que os sintomas físicos. Apesar disso, Anchieta sempre confiou seu futuro e seus sonhos nas mãos de Deus e não deixou que esta realidade lhe roubasse a alegria de servir do modo como podia. Permaneceu sempre aberto às surpresas de Deus. E eis que, um dia, chega ao Noviciado uma carta vinda do Brasil, onde Padre Manuel da Nóbrega relatava como estava sendo a missão nestas terras e pedia que fossem mandados mais jesuítas para cá, acrescentando que o clima do novo mundo favoreceria a recuperação dos missionários enfermos. O coração do jovem noviço, à época com 19 anos, se encheu de alegria e José de Anchieta corajosamente embarcou numa aventura humana e espiritual em direção ao lugar desconhecido onde viveria sua missão.

Após dois meses de viagem, em 13 de julho de 1553, chega a Salvador. Deste dia em diante, a vida de São José de Anchieta é inteira dedicada ao serviço dos indígenas. Durante os 44 anos de missão em nosso país, não foram poucas as dificuldades enfrentadas por este jesuíta que tanto marcou a Companhia de Jesus e a Igreja. Ele teve que lidar com condições de fome, adaptação à realidade de um local bem diferente de onde viera, frequentes ameaças de morte, sentimentos de solidão e também tentações contra a castidade. Porém, mais uma vez, as dificuldades vividas não o limitaram.

Foi professor, poeta, teatrólogo, gramático, botânico, fundador de cidades e deixou muitos outros legados à nossa sociedade, sempre conservando a confiança em Deus através de uma vida de oração constante, da devoção, caridade, mansidão, obediência e humildade. Além disso, como já mencionado no início deste texto, Anchieta amava a arte. Com profunda sensibilidade, o Apóstolo compôs inúmeras peças teatrais destinadas à evangelização, que passaram a ser apresentadas em diversos lugares, e também escreveu o famoso Poema à Virgem Maria, que conta com quase seis mil versos que narram a história da Mãe de Deus, por quem sempre teve grande carinho.

Se é possível resumir a vida de José de Anchieta em poucas palavras, estas seriam “amor” e “serviço”. Com 63 anos de idade, em 09 de junho de 1597, o incansável missionário encerrou sua travessia por este mundo. Por sua vida toda dedicada ao serviço dos irmãos e pelo modo sempre alegre com que anunciou o Evangelho, em 03 de abril de 2014 foi canonizado pelo Papa Francisco e em seguida a Igreja o declarou como Padroeiro do Brasil e dos catequistas.

Inspirados por sua vida, peçamos a ele que interceda por nós junto a Jesus e também para que, a seu exemplo, possamos enfrentar as dificuldades sempre confiando no Senhor.

 

Oração a São José de Anchieta

São José de Anchieta,
Apóstolo do Brasil,
Poeta da Virgem Maria,
Intercede por nós hoje e sempre.
Dá-nos a disponibilidade de servir a Jesus
Como tu O serviste nos mais pobres e necessitados.
Protege-nos de todos os males
Do corpo e da alma.
E, se for vontade de Deus,
Alcança-nos a graça que agora te pedimos
(pede-se a graça)

São José de Anchieta, rogai por nós!

 

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