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Compreendeis o que acabo de fazer?
Queridos e Queridas Jovens. Vivenciar a Semana Santa, a semana maior, é acompanhar os passos de Jesus, rumo à sua páscoa. Hoje, Quinta-feira Santa, celebramos a Ceia do Senhor. Com esta celebração, iniciamos o Tríduo Pascal, no qual fazemos memória do núcleo central da nossa fé: a paixão, morte e ressurreição de Jesus. No Tríduo Pascal, celebramos a Páscoa de Jesus em três dimensões. Hoje, celebramos a Páscoa da ceia. Amanhã, celebraremos a Páscoa da paixão. Na Vigília Pascal e no domingo de Páscoa, celebraremos a Páscoa da ressurreição. Na Páscoa da ceia, celebramos o mandato novo de Jesus que realizou com seus apóstolos. Ele disse: “Fazei isto em memória de mim”. O centro do rito é a ceia, com a família reunida, com a comunidade reunida. Naquela celebração pascal, Jesus dá uma prova concreta de amor por seu povo, pois Ele se doa totalmente a nós. E essa doação e entrega se concretiza no serviço que Jesus presta, simbolizado no gesto do lava-pés. Isso nos sugere que a partilha do banquete eucarístico deve ser continuada no serviço fraterno da caridade e na busca da inclusão social.
Texto Bíblico | João 13,1-15
Antes da festa da Páscoa, Jesus sabia que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai; tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim. Estavam tomando a ceia. O diabo já tinha posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, o propósito de entregar Jesus. Jesus, sabendo que o Pai tinha colocado tudo em suas mãos e que de Deus tinha saído e para Deus voltava, levantou-se da mesa, ti-rou o manto, pegou uma toalha e amarrou-a na cintura. Derramou água na bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, enxugando-os com a toalha com que tinha e es-tava cingido. Chegou a vez de Simão Pedro. Pedro disse: ‘Senhor, tu, me lavas os pés?’ Jesus respondeu: ‘Agora, não entendes o que estou fazendo; mais tarde compreende-rás.’ Disse-lhe Pedro: ‘Tu nunca me lavarás os pés!’ Mas Jesus respondeu: ‘Se eu não te lavar, não terás parte comigo’. Simão Pedro disse: ‘Senhor, então não lava somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça.’ Jesus respondeu: ‘Quem já se banhou não precisa lavar senão os pés, porque já está todo limpo. Também vós estais limpos, mas não todos.’ Jesus sabia quem o ia entregar; por isso disse: ‘Nem todos estais limpos.’ Depois de ter lavado os pés dos discípulos, Jesus vestiu o manto e sentou-se de novo. E disse aos discípulos: ‘Compreendeis o que acabo de fazer?’ Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, pois eu o sou. Portanto, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz.
Reflexão | Retiro Quaresmal 2019
(SECOFE, p. 115-116. Edições Loyola / adaptado)
A pedagogia de Jesus incluiu a pedagogia da mesa. Antes de fundar a igreja, fundou a mesa da vida. A mesa da refeição como um lugar de comunhão, comunhão que faz sonhar com a mesa eterna do Reino de Deus e que desafia seus participantes a viver a partilha como hábito e dinâmica que preserva e promove a vida. Devemos lembrar que esta foi a prática de Jesus que mais causou escândalo e espanto: a partilha na mesa dos pobres e pecadores.
Esta pedagogia de Jesus rompe as distâncias e garante a proximidade. Junto à mesa, cada um se coloca diante do outro, não importando as diferenças de vida, opções e modo de ser. Ela nos faz comungar, e a comunhão é um ato de inclusão e parti-lha, nos despoja do poder e de segundas intenções pelo simples fato de que passamos o pão uns para os outros, e também nos exala um sentimento de gratidão, nos interpelando a viver uma espiritualidade da gratuidade e do serviço como prova autêntica do seguimento de Jesus.
A mesa da vida trata-se de uma mesa provocativa, questionadora, incômoda e que nos requer mudanças de mentalidade e atitude. Ela nos convida a sair da própria mesa e caminhar a mesas dos pobres e excluídos, despojando-se do manto e pegando o avental e se colocando no meio do povo como aquele e aquela que serve. Jesus colo-ca toda sua pessoa aos pés dos discípulos, como o Criador se coloca aos pés das criaturas, amando-a e mostrando como se deve amar.
Tirar o manto é a atitude firme de quem se dispõe a arrancar tudo que possa ser empecilho para melhor servir, é se colocar a caminho, despojado, em direção ao outro optando pela solidariedade e a partilha, renovando a vontade de incluir o outro em nosso projeto de vida. Jesus se levanta da mesa, num movimento de partida, de serviço, como uma presença servidora e compassiva, e senta à mesa como quem chega para partilhar, para incluir e para celebrar.
Pontos para Oração
Faça-se presente à cena do Evangelho, deixando-se configurar pelo gesto e pelas palavras de Jesus. Enquanto lava os pés dos discípulos, enquanto até mesmo lava os seus pés.
Quais sentimentos surgem?
O que vem à sua mente?
O que detecta o seu coração?
Converse com o Senhor, dando-lhe graças por este gesto profético; peça a Ele também a graça de prolongar este gesto no seu cotidiano, no cotidiano da sua vida.
De forma concreta, como você pode vivenciar a beleza e o cuidado revelados no gesto do lava-pés realizado por Jesus?
Oração de Santo Inácio
Tomai, Senhor, e recebei
toda a minha liberdade,
a minha memória também
o meu entendimento e toda a minha vontade.
Tudo o que tenho e possuo
Vós me destes com amor:
Todos os dons que me destes, com gratidão vos devolvo;
disponde deles, Senhor, segundo a Vossa vontade.
Dai-me somente o vosso amor, a vossa graça.
Isto me basta, nada mais quero pedir.
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