Contemplativo na Ação

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“É por uma graça privilegiada que o P. Inácio concebeu esse estilo de oração. De outra parte, ele sentia e contemplava a presença de Deus em todas as coisas. Contemplativo na ação, ele compreendia a dimensão espiritual de todas as suas ações e de todos os seus encontros. O que lhe fazia dizer: ‘é necessário encontrar Deus em todas as coisas’.” (Padre Nadal)

A partir da experiência do Cardoner, quando contemplou que tudo vem de Deus e tudo retorna a Ele, Santo Inácio descobre outro tipo de oração que vem responder às exigências e às dificuldades das pessoas mergulhadas na ação apostólica. A originalidade de sua experiência está em contemplar Deus na ação, a viver a união com Deus na ação, a união com Deus em todas as coisas. Contemplar a ação de Deus é cooperar com Ele.

Inácio sente-se chamado ao encontro com Deus na obra de Deus. O importante para ele é a união com Deus; não se trata de uma simples possibilidade, mas de uma exigência fundamental, ou seja, ser “ser instrumento único com Deus”, “familiaridade com Deus” (Const. 671; 813). Tudo deve estar em função desta união com Deus; tanto a oração como a ação devem conduzir a uma interioridade com Deus cada vez mais profunda e intensa. Por isso, Santo Inácio propõe uma modalidade de oração acomodada ao ritmo de uma pessoa de ação, que responda às exigências da ação e à mobilidade apostólica. Trata-se de uma oração contínua que vai ao ritmo do dia e da ação; o que importa aqui não é o “orar” a todo momento, mas de fazer em todas as coisas a Vontade de Deus, seja na oração ou na ação.

A oração contínua é a que se faz “tendo sempre Deus diante dos olhos”. Esta expressão, continuamente repetida nas Constituições (547; 466; 622; 650), não significa uma contemplação imaginativa ou uma visão extraordinária, mas uma atitude interior, isto é, desejo de servir a Deus, de procurar sua maior glória e o bem mais universal; é a atitude permanente daquele(a) que tende a fazer sempre a Vontade de Deus em todas as coisas. Com isso, a ação torna-se uma verdadeira oração, que une a vontade da pessoa à Vontade de Deus e a faz saborear os frutos desta união. Quando a pessoa se doa inteiramente a Deus e ordena toda a sua vida a seu serviço, em tudo pode encontrar a Deus.

Contemplação na Ação: não são dois momentos distintos – o contemplar e o atuar – mas um único: contemplar atuando; pois é a mesma graça divina que alimenta nossa oração e comanda nossa ação.

Longe de arruinar a oração, a ação deve suscitar uma oração nova, própria às condições mesmas nas quais ela se desenvolve, que faz ‘encontrar Deus em todas as coisas (M. Giuliani)

A ação passa a ser um meio privilegiado de união com Deus, porque é o meio pelo qual se dá a resposta do homem ao apelo de Deus. A oração, por sua vez, deve guiar e inspirar a ação; ao mesmo tempo, a oração encontra seu sentido e sua realização na ação, porque é ação de Deus.

O(a) inaciano(a) é contemplativo na ação porque é uma pessoa que encontra Deus através e na ação. Por isso sua espiritualidade é uma espiritualidade de ação nesse duplo sentido: que toda oração deve traduzir-se em serviço apostólico; que a ação e o serviço apostólico são oração em si mesmos.

Se dirigimos todas as coisas a Deus, tudo será oração (Carta de S. Inácio a S. Francisco de Borja)

Esta convicção de Inácio enraíza-se certamente em sua teologia da Criação, cujo Princípio e Fundamento e a Contemplação para alcançar amor nos revelam os traços essenciais: as criaturas como lugar da “presença ativa” de Deus e mesmo como “sinal” de seu rosto.

Textos Bíblicos: Jo 4, 31-38 / Jo 6, 34-40 / Jo 9, 1-6

Na Oração:  A contemplação inaciana termina na “união com Deus na ação”. A contemplação inaciana desemboca na prática; ela não é neutra, mas comprometodora.

Quem faz a experiência da contemplação na oração deverá ser contemplativo na ação:
 – Ao olhar as pessoas e nelas descobrir a Pessoa do Senhor;

 – Ao escutar o que elas dizem, perceber e discernir qual é a Voz do Senhor e o que Ele tem a me dizer;
– Ao observar o que fazem, participar, fazer presente, colaborando e construindo a história dos homens e mulheres com os valores do Evangelho. 

 

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Veja também a última reflexão.

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