“Caminhante, não há caminho,
se faz caminho ao andar”.
(Antônio Machado)

Escrito por Márcia Ferreira Rocha

A experiência inaciana nos ensina que a consolação é bem mais que um sentimento, é uma alegria interior que surge do encontro com o Pai Criador que nos ama e nos acompanha em todas as situações de nossas vidas. Tamanha é a alegria e a paz que vivenciamos neste encontro que não podemos descrever por completo. Na consolação encontramos ânimo e esperança para buscar o lugar que desejamos alcançar em nossas vidas.

Quando estamos consolados, o amor de Deus é percebido, a partir de um olhar mais apurado, nas situações do dia a dia e em um sentimento de extrema confiança. No entanto, não nos exime de enfrentarmos dificuldades, provações e períodos de convalesça. O próprio Inácio é exemplo. Em sua tentativa de chegar a Jerusalém é surpreendido por situações e pessoas, que vão aos poucos reconduzindo sua peregrinação, e no cotidiano daqueles dias é surpreendido por uma consolação que lhe permite continuar.

Inácio “tinha uma grande certeza na sua alma de que Deus lhe havia de dar modo de ir a Jerusalém e esta certeza o confirmava tanto, que nenhumas razões e medos que lhe punham o faziam duvidar”. Pode sentir o abandono na caminhada, as limitações do corpo, viveu intensamente à teimosia em querer ao chegar ao seu destino (Jerusalém), pondo em questão a própria saúde. Sua confiança em Deus possibilitou aproveitar, ao longo do caminho, a presença das pessoas que lhe abriam possibilidades, sendo ele uma presença de escuta atenta e de tal abertura que pode viver à ação de Deus através das pessoas e situações.

A pandemia foi (é) fenômeno que nos permitiu/permite viver, como Inácio, inesperadamente convalescenças, sentir dores, perceber nossas limitações, perceber a interferência da vida comunitária na constituição de quem somos e de onde queremos chegar, de repensar nossas escolhas e caminhos e nos indagarmos sobre a relação que temos com Nosso Criador.

Temos confiança em Deus, do mesmo modo como Inácio tinha em que Deus ia proporcionar os meios necessários para chegar à Jerusalém? O que alimenta nossa teimosia e não nos deixa desviar o olhar de onde queremos ir? Quais pessoas e situações temos encontrado neste tempo? Como estou ao encontrá-las? Dispomo-nos de uma escuta atenta?

O convite é para que nos deixemos orientar por consolações cotidianas (vacinas, recuperação de amigos e familiares, reencontros, partilhas do que temos e somos) e seguir as intempéries do nosso tempo com confiança no Deus que nos ama e acompanha.

Texto bíblico: 2Cor 1,3-11.

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