“Coloca-nos com teu Filho!”

Vivenciar a etapa do Noviciado é se aproximar do amor de Maria que sempre nos coloca junto a Jesus. Afinal de contas, é impossível não deixar-se tocar pela devoção mariana que Santo Inácio de Loyola sempre cultivou pela mãe de Jesus, invocada por ele ao longo de sua trajetória através de diversos títulos, conforme nos apontam muitas fontes, entre elas a sua Autobiografia, Diário Espiritual e as Constituições.

Da infância à vida adulta, ao longo de sua conversão e peregrinação por diversas terras e no seu interior, no processo de fundação da Companhia de Jesus e como Geral, em cada eleição, em todas as suas etapas, Inácio sempre contava com a presença constante da Virgem Mãe como mediadora, intercessora diante do Pai e do Filho.

A Porta do Céu, como ele se referia à Maria, era também, sem dúvida, sua companheira de caminhada e continua sendo até hoje para toda a Igreja e para a Companhia de Jesus, numa devoção que ultrapassa gerações (cf. Lc 1, 48). São diversas as obras jesuítas, no Brasil e no mundo, dedicadas a Nossa Senhora e que buscam no seu testemunho de discípula missionária, de mulher, de escuta atenta e aberta aos apelos de Deus, a inspiração para fazer o que Ele disser (cf. Jo 2, 5).

Assim acontece com o Noviciado dos Jesuítas do Brasil, que tem Maria como sua padroeira, sob o título de Nossa Senhora da Graça. Em sua capela, coração da casa de formação, encontra-se um quadro mariano muito antigo que carrega muitas histórias e interpretações. No entanto, sabe-se que é uma herança deixada pela antiga Província do Brasil Nordeste – BNE, que desde o início do Noviciado no nordeste brasileiro teve Maria, a Virgem da Graça, como padroeira. Em 2014, quando foi criada a Província dos Jesuítas do Brasil – BRA e discerniu-se que teríamos um único Noviciado em Feira de Santana – BA, a Senhora da Graça continuou sendo a padroeira.

A obra foi um presente da antiga Província Veneto Milanesa – Itália para a antiga Vice Província Veneto Milanesa que estava em missão no território brasileiro, chegando a Salvador da Bahia na década de 70, já com o título Mãe da Divina Graça, quando era Mestre de Noviços o Pe. Adriano Pighetti, SJ. A devoção origina-se de uma pintura exposta na Igreja de Santa Maria Maior, em Roma, diante do qual, no tempo de Inácio, os jesuítas faziam sua profissão religiosa.

O Geral Francisco de Borja, no tempo das expansões missionárias da Companhia de Jesus, fez um pedido ao Papa Pio V, para fazer várias cópias deste quadro e entregar aos missionários. Um deles estava na comitiva de Inácio de Azevedo no momento do martírio, que estava a caminho do Brasil. Esta devoção mariana foi ganhando proporções de grande afeto entre os jesuítas nas missões ad gentes. Eis porque ela nos une tanto aos primeiros missionários jesuítas em nossa terra.

Através desta devoção, buscava-se motivar jesuítas para as novas missões. Nos tempos atuais, é necessário também renovar o nosso ardor apostólico no anúncio da Boa-Nova de Jesus a todos os povos. Diante de tantos desafios, confiamos à Mãe de Jesus a animação vocacional. Que os jovens não sejam surdos aos apelos de Jesus, que sempre chama para a construção do Reino novos operários que, com a colaboração de leigos e leigas, ampliem o nosso corpo apostólico, dando continuidade à missão de Cristo, através desta Mínima Companhia. Que Maria, mãe da Divina Graça, sempre interceda por nós!

Texto: Jonas Elias Caprini, SJ

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