Renato Correia Santos, SJ
Artigo publicado em anais de Simpósios sobre Juventudes da FAJE *
No universo do discernimento vocacional e na busca por um propósito existencial, o conceito de projeto de vida se ergue como um farol orientador. Este projeto, individual e singular, delineia não apenas metas e conquistas, mas, acima de tudo, molda a trajetória e o sentido da existência humana. Nesse contexto, a relevância de se trilhar um projeto é inegável, especialmente quando contextualizado no âmbito do discernimento vocacional, uma jornada íntima em direção à descoberta do chamado pessoal.
No entrelaçamento desses temas, emerge a vida religiosa consagrada como uma expressão intrínseca desse discernimento. Presente em diversas tradições religiosas, a vida consagrada transcende os limites da experiência individual e se enraíza profundamente na história e nos valores dessas tradições. Seja na busca da harmonia espiritual, na entrega ao serviço humanitário ou na contemplação da divindade, a vida religiosa consagrada assume papéis multifacetados, enriquecendo o panorama espiritual da humanidade.
Este artigo propõe uma análise da interseção entre o projeto de vida e a vocação à vida religiosa consagrada, explorando a relevância e as implicações desse encontro de significados. Os objetivos deste trabalho consistem em investigar as dinâmicas do projeto de vida no horizonte do discernimento vocacional e analisar como esses elementos se entrelaçam, influenciam e enriquecem mutuamente. A estrutura deste artigo será delineada mediante uma revisão teórica sobre o projeto de vida e o discernimento vocacional, seguida por uma análise contextual da vida religiosa consagrada, culminando na análise comparativa desses elementos e suas interações.
Através desta jornada investigativa, busca-se lançar luz sobre a complexidade e a profundidade desses temas, contribuindo para a compreensão mais ampla de seus papeis no discernimento pessoal de cada indivíduo.
1. O Projeto de Vida: navegando a jornada da autodescoberta e realização pessoal
O conceito de projeto de vida transcende a mera formulação de metas ou planejamento estratégico; é a personificação das aspirações, valores e trajetórias individuais. É um mapa interno que não apenas direciona ações, mas também reflete identidade, desejos e propósitos.
Nessa visão, o projeto de vida é principalmente um plano biográfico, no qual alguém molda sua própria perspectiva sobre si mesmo e sua jornada, formando sua identidade pessoal (cf. CRUZ & CORREIA, 2018). Ao planejar o que será feito no futuro, simultaneamente planeja-se também quem se tornará (LECCARDI, 2005, p. 36). Além disso, tal itinerário pode ser interpretado como uma seleção subjetiva entre diversos “futuros virtuais” viáveis, onde se destilam objetivos realizáveis a partir das fantasias e desejos subjacentes, todos eles definidos por um claro horizonte temporal (Ibidem, p. 46).
Em sua essência, um projeto de vida representa a síntese única de quem se é e quem se busca ser. É uma jornada singular e contínua, permeada por ambições, talentos, valores e objetivos. Ele abarca não somente conquistas materiais, mas também o equilíbrio emocional, o crescimento pessoal e a plenitude espiritual.
Os elementos fundamentais que constituem um projeto de vida abrangente são múltiplos e interligados. O autoconhecimento surge como o alicerce primordial, demandando uma profunda imersão na própria essência. Reconhecer virtudes, limitações, valores arraigados e aspirações é o ponto de partida para a construção desse projeto.
Vista como um processo, a construção de um projeto de vida “proporciona ao indivíduo a oportunidade de estruturar sua própria história, aprofundar o autoconhecimento, compreender o contexto em que está inserido e traçar planos” (CANESCHI, 2018, p. 80).
A reflexão pessoal, aliada ao autoconhecimento, desempenha um papel crucial na definição de metas e na elaboração do caminho a percorrer. Ao contemplar suas experiências, o indivíduo identifica padrões, compreende seus pontos fortes e áreas de crescimento, e assim delineia objetivos alinhados com sua essência mais autêntica.
A definição de metas pessoais claras e significativas constitui outro pilar essencial. Esses objetivos variam em amplitude e natureza, abrangendo desde conquistas profissionais até aspectos relacionados à saúde, relacionamentos e bem-estar emocional. São eles que dão forma ao trajeto que escolhem seguir.
A importância do autoconhecimento e da reflexão pessoal na construção de um projeto de vida robusto é inegável. São processos que permitem não apenas compreender as motivações intrínsecas, mas também ajustar as rotas à medida que amadurecem. A autoavaliação contínua clareia os propósitos e fortalece a resiliência diante das adversidades.
É crucial admitir que, nesse campo de possibilidades, os indivíduos ocupam diferentes e desiguais posições, com recursos igualmente variados, a partir dos quais constroem e realizam seus projetos de vida em contextos sociais e históricos específicos. Os projetos individuais resultam de negociações, interpretações e avaliações pessoais, enraizadas na realidade, enquanto a forma como vivem é moldada pelas circunstâncias sociais. Cada escolha humana é influenciada por variáveis societárias que moldam caminhos individuais, mas não se trata de determinismo absoluto, no qual as pessoas estão simplesmente predestinadas a repetir as condições culturais e sociais existentes. Existe, sim, uma capacidade de agência, embora seja essencial considerar as possibilidades e desafios impostos pela realidade na qual os jovens são inseridos e socializados (DURAU & CORREIA, 2020, p. 22)
Assim, um projeto de vida é mais do que um planejamento estático; é uma narrativa dinâmica e pessoal. É a expressão tangível de valores mais profundos, traçando o curso para uma vida alinhada com as convicções e desejos íntimos de cada indivíduo. O autoconhecimento e a reflexão são ferramentas que, quando cultivadas, capacitam o processo educativo-consciente do próprio destino, na busca da realização pessoal plena.
2. Discernimento vocacional na vida religiosa consagrada: explorando abordagens e relações essenciais
Discernimento vocacional na vida religiosa consagrada é um processo de profunda reflexão e busca interior. Envolve a exploração íntima de chamados espirituais, a compreensão dos desejos mais profundos e a busca pela vontade divina. De acordo com Cabarrús, o discernimento é nitidamente uma jornada pessoal e corajosa de se permitir ser conduzido (CABARRUS, 1991, p.16).
A vida religiosa consagrada exige um discernimento cuidadoso, muitas vezes orientado por práticas espirituais. A oração e a meditação desempenham um papel fundamental, permitindo uma conexão direta com a espiritualidade e uma compreensão mais clara dos chamados internos.
Os orientadores espirituais desempenham um papel crucial nesse caminho, guiando aqueles que buscam clareza e compreensão vocacional. Eles oferecem direção, ajudam a interpretar sinais e exploram questões fundamentais no discernimento. Encontrar pessoas dispostas e disponíveis para ajudar nessa jornada formativa é essencial na busca pelo significado da vida e na realização de um projeto pessoal. Segundo Vitório, o formador deve adotar posturas adequadas ao se relacionar com os indivíduos em formação, pois cada um representa um mistério. É durante esse processo que se abre a oportunidade para entender o mundo interior do outro. O papel do formador é facilitar esse processo de crescimento humano, vocacional e espiritual, conhecido como ascese (VITÓRIO, 2008, p.79).
Na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Christus Vivit (2019), o Papa Francisco dedica um capítulo inteiro ao discernimento vocacional, incluindo a vocação religiosa consagrada. Ele afirma que o discernimento é um processo longo e gradual, que deve ser guiado pelo Espírito Santo (FRANCISCO, n. 257).
Na jornada da vida religiosa consagrada, o Pontífice destaca três interações essenciais que delineiam essa vocação profunda. Primeiramente, enfatiza a relação fundamental com Deus, onde o discernimento começa a partir de um encontro íntimo com o Divino, exigindo uma vida de oração e proximidade genuína para ouvir Sua orientação (FRANCISCO, n. 258).
Além disso, ressalta a importância da relação com a Igreja como aspecto central dessa vocação, exigindo profunda integração na comunidade eclesial para contribuir ativamente com sua missão e valores (FRANCISCO, n. 259).
Por fim, destaca a relação crucial com a comunidade religiosa, sublinhando a natureza coletiva desse estado de vida e a necessidade de compreender e viver essa dinâmica comunitária para discernir o chamado de Deus a viver e servir nesse contexto (FRANCISCO, n. 260).
Essas três relações – com Deus, com a Igreja e com a comunidade religiosa – formam os alicerces da vida consagrada, oferecendo guia e direção aos que aspiram trilhar esse caminho de entrega e devoção.
O discernimento vocacional na vida religiosa consagrada também envolve a análise minuciosa das habilidades, talentos e inclinações pessoais. Isso é combinado com uma avaliação cuidadosa dos princípios e valores da fé, permitindo uma compreensão mais profunda da compatibilidade entre a vocação proposta e a identidade individual. Um projeto não se constrói instantaneamente, tampouco é algo pré-determinado; é uma necessidade que emerge à medida que percorremos o caminho e elucidamos o ideal de vida (SCIADINI, 2006, p.171).
Há uma ligação intrínseca entre o projeto de vida e o discernimento vocacional religioso. O projeto de vida pessoal, baseado em aspirações, valores e visão de mundo, serve como um guia para determinar a adequação da vocação proposta. Esse alinhamento é fundamental para uma vivência autêntica e satisfatória da vida religiosa consagrada (Ibidem, p. 172).
É essencial compreender que o discernimento vocacional não é um processo estático. Ele é dinâmico e contínuo, sujeito a novas experiências, aprendizados e desafios que podem influenciar e moldar a compreensão da vocação ao longo do tempo.
Em resumo, o discernimento vocacional na vida religiosa consagrada é uma jornada que requer reflexão profunda, orientação espiritual e análise cuidadosa dos aspectos pessoais e espirituais. É um processo dinâmico, enraizado na busca pela vontade divina e na integração do chamado espiritual com a identidade individual.
3. Ferramentas e estratégias no discernimento vocacional para a vida religiosa consagrada: um olhar profundo
Discernir a vocação para a vida religiosa consagrada é um caminho complexo e profundo, onde ferramentas e estratégias se entrelaçam para iluminar e dar clareza ao projeto de vida de cada indivíduo. Este processo não é apenas uma escolha profissional ou simplesmente responder “o que se quer fazer na vida?”, mas uma jornada de autoconhecimento, entrega e busca por um sentido maior.
Uma vez que o candidato (a) tenha discernido sua inclinação à vida religiosa consagrada, o Projeto de Vida se torna uma ferramenta prática para o planejamento de sua jornada. Isso inclui o discernimento de uma ordem religiosa que atende o desejo de se colocar como seguidor (a) de Jesus, a preparação espiritual e o estabelecimento de metas específicas a esta vocação.
Esta decisão é crítica, uma vez que diferentes ordens religiosas possuem carismas, missões e estilos de vida distintos, e o Projeto de Vida contribui no discernimento dessa escolha.
No livro “A pedagogia na formação: reflexões para formadores na vida religiosa”, Jaldemir Vitório aborda o tema do discernimento vocacional a partir de uma perspectiva pedagógica. Para ele, o discernimento é um processo de aprendizagem que acontece ao longo da vida, e que deve ser acompanhado por um formador experiente (cf. VITÓRIO, 2008).
Vitório propõe uma metodologia robusta para orientar o discernimento vocacional, fundada em três pilares essenciais. Primeiramente, destaca a importância do autoconhecimento, instando os interessados a compreender suas habilidades, valores e trajetória pessoal. Em paralelo, ressalta a necessidade de familiarização com a vida religiosa, abrangendo a espiritualidade, a missão e a estrutura da congregação em consideração. Por fim, mas crucialmente, destaca a busca pelo conhecimento de Deus e o discernimento do chamado divino na própria vida (VITÓRIO, 2008, p.19).
Para facilitar esse processo, o autor oferece ferramentas práticas. Sugere, em primeiro lugar, a reflexão pessoal como uma pedra angular, incentivando a oração, meditação e reflexão dedicadas à vida individual. Além disso, aponta a importância do diálogo com um formador experiente, alguém capaz de auxiliar na compreensão da vocação e na tomada de decisões. Por fim, enfatiza a necessidade de vivências práticas na vida religiosa, permitindo ao interessado uma experiência concreta e palpável desse estilo de vida (Ibidem, 2008, p. 261).
O discernimento vocacional para a vida religiosa consagrada é um processo profundo e heterogêneo que envolve diversas áreas do conhecimento humano. Nesse sentido, a integração de pedagogia, psicologia, filosofia, teologia e acompanhamento aparecem como instrumentos para ajudar os indivíduos a compreenderem e desenvolverem seu projeto de vida nesta vocação específica.
A pedagogia desempenha um papel crucial, pois oferece métodos e estratégias para a aprendizagem e o crescimento pessoal (cf. DAYRELL, 2016). Ao aplicar princípios pedagógicos, é possível criar ambientes de formação que estimulem a reflexão, a autoconsciência e o desenvolvimento das habilidades necessárias para a vida consagrada.
Aliada a isso, a psicologia fornece insights valiosos sobre a mente humana, ajudando os indivíduos a explorarem suas motivações, medos, desejos e a lidarem com desafios emocionais durante o processo de discernimento. Compreender aspectos como a personalidade, as experiências passadas e as dinâmicas emocionais auxiliam na tomada de decisões conscientes e maduras (RAMÍREZ, 2013, p. 137).
Já a filosofia oferece ferramentas para a reflexão profunda sobre questões existenciais, valores e propósito de vida (cf. LIMA VAZ, 2000). Ela estimula o pensamento crítico e a análise racional, fundamentais para a compreensão da vocação religiosa consagrada em um contexto mais amplo.
Por fim, a teologia desempenha um papel central, fornecendo um arcabouço conceitual e espiritual para a compreensão da fé, espiritualidade e chamado divino. Ela permite que os indivíduos mergulhem nos ensinamentos religiosos, compreendendo a natureza da vida consagrada e sua relação com a missão da comunidade religiosa (CABARRÚS, 1999, p.18)
Além disso, vale ressaltar que o acompanhamento por parte de orientadores espirituais qualificados é essencial. Esses acompanhantes oferecem suporte, orientação e discernimento ao longo do caminho, ajudando os aspirantes a integrarem as diferentes dimensões do discernimento vocacional e a tomar decisões informadas e alinhadas com sua vocação e chamado interior.
Essa jornada não é estática. O projeto de vida é um trabalho em constante evolução. É um ciclo contínuo de planejamento, execução, avaliação e ajustes, sempre visando a realização pessoal, a felicidade e atuação no mundo.
É crucial destacar que essa metodologia é altamente flexível, permitindo adaptações de acordo com as necessidades individuais de cada pessoa. Contudo, a presença de um formador experiente é tida como fundamental, oferecendo suporte e orientação ao longo do processo de discernimento, que não só delineia um caminho, mas também encoraja uma busca consciente e aprofundada na compreensão de si mesmo, da vida religiosa e da relação com o divino (VITÓRIO, 2008, p. 90).
Neste contexto o projeto de vida é identificado como basilar. É a construção consciente de um propósito que se alinha com a espiritualidade e o serviço. A metodologia adotada abraça a introspecção, a reflexão e a oração como pilares para a compreensão do chamado divino.
O sentido de vida e a busca pela felicidade se entrelaçam nesse processo. Encontrar significado na entrega ao serviço divino e à comunidade é a essência da vocação religiosa. A felicidade, então, se manifesta na vivência desse propósito, na paz interior encontrada ao seguir esse chamado e na contribuição para um bem maior (RAMOS, 1994, p. 91).
Essa jornada de discernimento vocacional é um convite à descoberta de si mesmo em uma relação mais profunda com Deus, onde as ferramentas e estratégias se unem para iluminar o caminho em direção a uma vida de propósito, serviço e plenitude.
4. Desafios e considerações éticas
O discernimento vocacional, uma jornada profundamente pessoal e espiritual, encontra-se imerso em desafios complexos e variados. A busca pela compreensão do propósito de vida e da vocação específica enfrenta barreiras que vão desde questões internas até influências externas. Identificar e navegar por esses desafios é essencial para aqueles que estão em busca de um caminho vocacional significativo.
Um dos desafios mais prementes reside na complexidade do processo de discernimento. Este caminho muitas vezes é marcado por dúvidas, incertezas e a necessidade de conciliar desejos pessoais com expectativas sociais e familiares. O confronto entre aspirações individuais e pressões externas pode gerar conflitos internos, levando a um período de reflexão intenso e por vezes confuso (SANAGIOTTO, 2020, p. 116).
Um desafio bem presente é o discernimento vocacional para a vida religiosa já na fase adulta.
Abdicar da vida que estava acostumado, de suas rotinas diárias, aceitar as rupturas necessárias, sejam materiais ou pessoais, para se tornar um padre ou religioso (a) é uma decisão muito corajosa, que exige reflexão. É necessário um redirecionamento radical do projeto de vida.
Muitos jovens-adultos, que depois de certa idade, sentem-se provocados, mesmo já tendo feito percursos semelhantes a outros: namoraram, iniciaram cursos, faculdades e até com experiência de trabalho – são médicos, arquitetos, engenheiros, enfermeiros, professores, bancários, advogados -, encontram a paz e sentido onde a família e os amigos menos esperam: na vida religiosa consagrada. Decidem consagrar as suas vidas a Jesus com o desejo de segui-lo numa congregação religiosa.
Tal como se casa cada vez mais tarde, também a decisão de assumir um chamado à vida religiosa é tomada diversas vezes a partir dos 20 anos. Quem opta pela vida consagrada já não é o campesino, do interior ou aquele (a) jovem recém-saído do ensino médio, sem quase experiência de vida, mas são jovens de grandes centros, sem raízes em comunidades paroquiais, jovens da classe média, que estão no ensino superior, com experiência no mundo do trabalho. O discernimento já se faz na idade adulta. As primeiras dúvidas e interrogações até podem ser sentidas mais cedo, ainda na infância ou na adolescência, mas o ambiente social não permite que se clarifiquem, até mesmo por falta de um acompanhamento adequado para discernir seu projeto de vida (SANAGIOTTO, 2022, p. 66).
Deste modo, o ensino superior pode tardar essa descoberta, uma vez que a sociedade atual impacta dos jovens pela forma e dinâmica da vida social, possuindo papeis sociais esperados. Existe uma expectativa sobre quem deve ser o jovem – mesmo o jovem cristão e religioso. A inquietação vocacional aparece depois de terminados os estudos. O que não é negativo: a Igreja tem despertado também para “vocações” mais amadurecidas, adultas, onde os interessados percebam se é realmente aquilo que querem. Há toda a vantagem em ter tido experiência de vida, porém é mais desafiador reorientar o projeto de vida.
Além disso, a natureza fluida das vocações, especialmente no contexto da vida religiosa consagrada, traz consigo um conjunto único de desafios éticos e morais (AMARAL, 2018, p. 430). O uso do projeto de vida, que delineia metas, valores e compromissos, requer uma análise cuidadosa e crítica para garantir que não apenas estejam alinhados com os princípios éticos, mas também respeitem a integridade individual e coletiva da vida consagrada.
As considerações éticas e morais são fundamentais ao se explorar o projeto de vida no contexto religioso consagrado. É necessário ponderar sobre como as escolhas individuais influenciam não apenas a própria vida, mas também a comunidade religiosa e a sociedade como um todo. Questões como autenticidade, comprometimento com os votos e o equilíbrio entre o serviço à comunidade e a realização pessoal são elementos centrais que demandam reflexão ética contínua (AMARAL, 2018, p. 428).
Diante dos desafios do discernimento vocacional e das complexidades éticas envolvidas no uso do projeto de vida na vida religiosa consagrada, é imperativo promover um diálogo aberto e honesto. Esse diálogo deve estar enraizado na compreensão e respeito pela diversidade de caminhos vocacionais e na busca pela integridade ética, tanto individual quanto comunitária, a fim de nutrir vocações autênticas e comprometidas com os valores fundamentais da vida consagrada.
Conclusão
Ao encerrar esta exploração sobre a intersecção entre o projeto de vida e o discernimento vocacional na vida religiosa consagrada, torna-se evidente que esta jornada é profundamente marcada por nuances e desafios multifacetados. Inicialmente, os indivíduos mergulham nas águas da autodescoberta e da busca pela realização pessoal por meio do projeto de vida, reconhecendo-o como uma bússola interna que orienta os valores e aspirações individuais.
Ao adentrar o terreno do discernimento vocacional religioso, o candidato depara-se com uma intricada teia de desafios, desde a harmonização das aspirações individuais com as expectativas externas até a complexidade ética inerente ao uso do projeto de vida nesse contexto (cf. CANESCHI, 2018). Ficou patente a importância das ferramentas e estratégias para uma tomada de decisão vocacional informada e significativa, moldando caminhos de serviço e compromisso.
Contudo, não se pode subestimar os desafios éticos e morais que permeiam essa busca por um propósito maior. A reflexão constante sobre a integridade individual e coletiva é vital para garantir que o caminho traçado esteja alinhado não apenas com os valores pessoais, mas também com os compromissos inerentes à vida religiosa consagrada (AMARAL, 2018, p. 432).
Nestas considerações finais, reafirma-se a relevância do projeto de vida como uma ferramenta valiosa no discernimento vocacional religioso. Ele não apenas fornece um mapa pessoal, mas também atua como um elo entre os valores individuais e os compromissos da vida religiosa. No entanto há o reconhecimento que este estudo representa apenas uma fração do vasto panorama que abrange essa complexa jornada de descoberta e serviço.
Ao finalizar esta análise, reitera-se que a busca por uma vocação na vida religiosa consagrada é uma jornada de autodescoberta, compromisso e significado. O projeto de vida emerge como um farol nesse caminho, guiando os passos de forma única e individual. A contínua reflexão, o diálogo e a pesquisa são elementos cruciais para nutrir e sustentar vocações autênticas e comprometidas com os valores fundamentais da vida religiosa consagrada.
Referências
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SCIADINI, Patrício. A pedagogia da direção espiritual. São Paulo: Loyola, 2006
VITÓRIO, Jaldemir. A pedagogia na formação: reflexões para formadores na vida religiosa. São Paulo: Paulinas, 2008.
* Graduado em Direito pelo Centro Universitário Toledo de Presidente Prudente – SP, graduando em Filosofia e pós-graduando em Juventudes e o mundo contemporâneo pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia de Belo Horizonte – MG. E-mail: [email protected]