Antes de mais nada, gostaria de lembrar que o Programa MAGIS Brasil é um serviço da Companhia de Jesus que articula, promove e acompanha ações apostólicas com as juventudes. Por meio dele, são oferecidos experiências, formações e acompanhamento para ajudar os/as jovens a construir um projeto de vida cheio de esperança, a serviço da fé e promoção da justiça, formando homens e mulheres para os demais.

Foi no contexto do exercício concreto da nossa missão junto às juventudes, pelo Brasil afora, que começamos a sentir o apelo de pensar uma estratégia que ajudasse o Programa MAGIS Brasil a promover uma experiência de maior unidade nacional, fortalecendo sua identidade, buscando maior interação entre os Centros e Espaços MAGIS e realizando sua diversificada agenda sob um mesmo horizonte comum. Em resposta a esse apelo, nasce em 2018 a primeira Campanha MAGIS.

Nos anos seguintes, novas edições da Campanha MAGIS foram sendo propostas e, por meio de cada uma delas, vem se confirmando que foi uma decisão acertada apostar nesse tipo de instrumento em vista da unidade e articulação do Programa MAGIS a nível nacional.

A Campanha MAGIS Ser Mais Presente é fruto desse caminho gradual e exitoso que fizemos até aqui. Comprometidos/as em estar atentos/as às possibilidades de sempre pensar caminhos, estratégias e instrumentos novos para a realização da nossa missão junto às juventudes, desejamos oferecer a toda nossa rede e parceiros/as mais essa Campanha que, durante os anos de 2022 e 2023, deve inspirar, nortear e iluminar nossas atividades, projetos e ações voltados para o cuidado das juventudes brasileiras.

P. Jean Fábio Santana, SJ
Coordenador do Programa MAGIS Brasil

 

Ser mais presente! Ao escutar esse apelo do Programa MAGIS Brasil para inspirar a missão junto às juventudes, somos levados/as a questionar sobre a presença que desejamos ser. Essa reflexão é bastante iluminada por nossa vivência humana e espiritual, de um Deus que também deseja se fazer presente em nossa história, nos animando e interpelando sobre nossa presença no mundo.

Nosso Deus não é indiferente à nossa realidade. O Deus de Israel vê a miséria e ouve os clamores de seu povo, desce a fim de libertá-lo (Ex 3, 7-8). Deus caminha com seu povo, mostrando os rumos para a terra prometida (Dt 1, 29-33). Deus também deseja se fazer presente em nossa história de maneira ainda mais pessoal. No mistério da encarnação, pela ação do Espírito Santo, o Filho assume nossa humanidade (Lc 1, 31-35). O Senhor se faz Emanuel, “Deus está conosco” (Mt 1, 23).

Na espiritualidade inaciana, somos convidados/as a participar dessa presença de Deus em nosso aqui e agora. Ao contemplar as pessoas vivendo no mundo, as Três Pessoas Divinas dizem: “Façamos a redenção do gênero humano” (EE 107). Nessa grande peregrinação humana e espiritual que são os Exercícios Espirituais, somos provocados/as a conhecer internamente o Senhor, para mais amá-lo e segui-lo (EE 104). Somos conduzidos/as a saborear a presença do Deus amigo em nossas vidas, o qual habita nas criaturas, especialmente no ser humano (EE 235).

A presença de Deus é transformadora, uma vez que o mundo não pode ser mais o mesmo. O Filho vem anunciar o Reino de Deus (Mc 1, 15). Através de palavras de misericórdia e esperança, também de provocação e conversão, Jesus convida seus/suas seguidores/as a refletir como a Palavra do Reino é semeada e vem dar frutos na sociedade (Mt 13, 18-23). Por meio dos gestos de acolhida e libertação, das curas e dos milagres, Jesus mostra como esse Reino se faz presente na humanidade, especialmente na vida das pessoas mais empobrecidas (Mt 11, 5). Ele vem para proclamar um tempo de graça do Senhor (Lc 4, 19).

A presença do Cristo junto à humanidade é uma total doação de si mesmo, uma entrega de amor e liberdade (Jo 10, 18). Essa vida doada se revela de maneira plena no mistério da cruz. O Filho, obediente à vontade do Pai, esvazia-se a si mesmo, assume nossa humanidade, humilha-se até a morte de cruz. Por isso, Jesus é exaltado por Deus, é o Senhor, cujo Nome está acima de todo nome (Fl 2, 7-10). O mistério da morte e ressurreição de Jesus mostra que a presença de Deus em nossa história é um caminho da escravidão para a liberdade, da enfermidade para a cura, da morte para a vida, da perdição para a redenção. Em suma, é uma presença salvífica: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10).

Nós, ao trilharmos esse caminho de vida e liberdade, somos profundamente questionados/as em nosso modo de ser e agir. O encontro e a proximidade com Jesus provocam uma mudança em nossas vidas. Jesus revela a vontade do Pai em dar a vida eterna para todos e todas que professam a fé n’Ele (Jo 6, 40). Como cristãos e cristãs, somos chamados/as a nos conformarmos à imagem do Filho (Rm 8, 29). Na espiritualidade inaciana, somos interpelados/as pelo Crucificado: “o que tenho feito por Cristo, o que faço por Cristo, o que devo fazer por Cristo” (EE 53). Diante do Rei Eterno, pedimos a graça de não sermos surdos/as ao seu chamamento, mas prontos/as e diligentes para cumprir sua santíssima vontade (EE 91).

Com nossa presença renovada pelo encontro com Deus, fazemos a eleição de abraçar a bandeira de Cristo (EE 146). Com nossa humanidade cristificada, desejamos dar continuidade àquela missão redentora da Trindade, anunciar o Reino nas realidades em que vivemos, especialmente àquelas pessoas mais empobrecidas e excluídas da sociedade. “A partir de nossa experiência de fé […], sabemos que tornar Deus presente é um bem para as nossas sociedades” (FT 274). O próprio Ressuscitado vem ao encontro de seus/suas seguidores/as, sopra seu Espírito, envia para sua missão de reconciliação e justiça (Jo 20, 22-23). É a ação do Espírito Santo que nos possibilita ser sinal dessa presença doada e salvífica de Cristo.

Ser mais presente. Ao vivermos a profundidade e o dinamismo desse apelo do Programa MAGIS Brasil, não podemos ser indiferentes à nossa realidade, mas somos provocados/as a saborear a presença amorosa de Deus no mundo. Ao sentirmos o amor de Deus, gratuito e incondicional, somos provocados/as a amar uns aos outros (1Jo 4, 11). Assim, tornamo-nos presentes de maneira nova, testemunhando a presença libertadora, salvífica, amorosa de Deus.

P. Davi Mendes Caixeta, SJ

Para ajudar a animar e articular a missão junto às juventudes no território nacional, o Programa MAGIS Brasil, periodicamente, lança as Campanhas MAGIS. Elas são um meio privilegiado para promover ações conjuntas e criar um horizonte comum para toda a Rede MAGIS, além de inspirar outras redes apostólicas.

A temática abordada em uma determinada Campanha MAGIS está intimamente ligada às outras. Elas constituem um grande percurso formativo, orientado pela escuta dos apelos de Deus, que nascem das realidades juvenis, e pela busca de respondê-los com lucidez, criatividade e responsabilidade. Dessa forma, antes de conhecer a campanha que vem nos inspirar nos próximos dois anos, é importante fazer memória das experiências vividas no caminho já trilhado.

Em 2018, com a Campanha Ser Mais Consciente, o Programa buscou ajudar os/as jovens a descobrir o mundo onde vivem e seus lugares nele. Inspirou a vivência de uma fé madura e de um engajamento social crítico, para ampliar a capacidade de analisar a realidade e compreender as implicações da vivência diária do seguimento a Jesus Cristo no mundo. Destacou a necessidade da participação e do envolvimento das/dos jovens na vida pública, para seguir construindo uma sociedade democrática, justa e fraterna.

No ano seguinte, foi lançada a Campanha Ser Mais Livre, com o desejo de proporcionar aos/às jovens uma experiência fundante de liberdade. Essa campanha, inspirada na liberdade de Jesus de Nazaré, buscou promover uma atitude de pertença ao mundo. Tomando consciência dos condicionamentos e afetos, que constantemente se desordenam, o convite era viver com liberdade e alegria para servir, superando tudo o que possa nos tornar menos livres e disponíveis.

A Campanha Ser Mais Amazônia, vivida no biênio 2020-21, propôs voltar à multiétnica, multicultural e multirreligiosa realidade amazônica, ameaçada pela destruição e exploração ambiental e pela violação de direitos de sua população. Quis, como jovens e com jovens, aprender, dialogar e responder com esperança e alegria aos sinais dos tempos. Para assumir o importante processo de conversão a uma ecologia integral, incentivou relações mais justas, de comunhão e de cuidado com as pessoas, com a sociedade e com a natureza.

Acompanhar os fios da trama das campanhas, que continuam sendo tecidas com sonhos, desejos, lutas e esperanças de milhares de jovens, anima nossa caminhada e nos faz reafirmar nossa opção. Com os olhos fixos em Jesus, propomos um modo de proceder como o dele, que deve ser assumido individual e comunitariamente. Acreditamos que cada campanha não se fecha no seu ciclo temporal, mas deixa marcas profundas que alimentam e desencadeiam novos processos ao longo do tempo. A Campanha Ser Mais Presente é expressão do desejo de olhar com liberdade e consciência o meio em que estamos inseridos, para responder com ânimo e generosidade ao que Deus sonha para a humanidade.

A escolha do tema Ser Mais Presente é fruto de uma escuta atenta aos e às jovens que partilham seus sonhos e projetos junto às atividades do Programa MAGIS Brasil. Ao longo dos dois últimos anos, fomos marcados/as de muitas maneiras pela pandemia de Covid-19. Nas juventudes, isso ficou ainda mais evidente. Olhamos não só para as marcas físicas da própria doença, mas também as questões subjetivas-emocionais e sociais que estão latentes. Além disso, temos percebido a falta de empatia e de disponibilidade para a escuta e o diálogo nas diversas relações que tecem nossa sociedade.

Nesse sentido, convidamos a refletir três dimensões na Campanha Ser Mais Presente: tempo, dom, presença. Assim, seguiremos, ao longo dos próximos dois anos, ouvindo os apelos das juventudes, fazendo um caminho de construção e discernimento permanente sobre o tema.

A palavra “presente” é rica de sentido na língua portuguesa. Por seus diferentes significados e possibilidades de uso, pode indicar que uma pessoa ou coisa está em determinado local ou indicar sua postura. Também indica o tempo atual, contemporâneo e aquilo que é evidente ou iminente. Por outro lado, indica aquilo que é ofertado, doado, concedido. É o dom, a entrega gratuita e generosa.

Ao longo desse caminho de dois anos, desejamos que a Campanha Ser Mais Presente desencadeie, aprofunde e contribua com processos formativos. Esse caminho busca sensibilizar e aproximar ainda mais os/as jovens dos contextos que vivenciam, potencializando suas ações enquanto parte de um conjunto social e eclesial, tendo por foco a amizade social, o diálogo, a missão e o compromisso com os/as mais empobrecidos/as e marginalizados/as de nossa sociedade.

A presente Campanha também busca seguir o caminho sinodal, que tem se intensificado no pontificado de Francisco, expressando a opção de caminharmos juntos/as no itinerário formativo a ser desencadeado. Além de propor a reflexão sobre a presença de jovens, Espaços e Centros MAGIS em suas localidades, nosso desejo é que cada participante seja convidado/a a partilhar e contribuir coletivamente, a partir dessa provocação inicial.

Dentro do contexto que temos vivenciado com a pandemia de Covid-19, destacamos as ações que são propostas pelas bases, para nos mantermos em sintonia e seguirmos criando e potencializando os lugares em que estamos inseridos/as. Nesse novo momento, vamos olhar ao nosso redor, analisando as contradições do tempo presente e abrindo nossos corações para um caminho de colaboração para e com os/as outros/as, vendo com carinho os/as colaboradores/as jovens que representam as mãos, a cabeça e o coração do Programa MAGIS Brasil em todos os cantos desse país.

Certa vez um discípulo perguntou ao mestre Joshu:
— Mestre, por favor, o que é o despertar?
Joshu respondeu:
— Você já terminou de comer?
— Sim, mestre, terminei.
— Então, vá lavar suas tigelas!
(COEN, 2019)


Essa parábola nos ajuda a olhar o presente enquanto tempo. Diante da irreversibilidade do passado e da inexistência do futuro, o presente é o momento oportuno e possível para a nossa ação. O presente é o lugar do agora, onde se é, onde se está, onde respondemos concretamente à vida.

A espiritualidade inaciana nos ajuda a contemplar Deus que entra na história, faz-se insuperavelmente presente em Jesus de Nazaré, o Cristo. De seu eterno presente, Deus escolhe se encarnar e viver com os seres humanos, sentindo o que sentem, vendo suas dores e alegrias, porque sempre esteve presente. Nosso tempo com o Senhor é kairós, tempo propício.

Ser Mais Presente, nessa dimensão temporal, convida-nos a reconhecer e sentir os sinais dos tempos, o apelo para o compromisso com o mundo de hoje, a efetivação do sonho de Deus em nossas ações, mesmo em atitudes pequenas e corriqueiras.

Para acolher o tempo presente, é necessário empatia. A pandemia nos mostrou como é importante o tempo vivido com aqueles e aquelas que amamos. Para ser mais presente, é necessário aprender a criar tempo, disponibilidade para ir ao encontro, nos aproximarmos do coração uns dos outros e seguir rumo ao coração de Deus. É sempre tempo de cuidar.

 

A nossa vida é dom e tarefa. Durante toda a existência somos convidados/as a reconhecer, como Inácio de Loyola, que tudo é dom e graça de Deus. Em nosso mundo, marcado pelo interesse e pela lógica do lucro, um dos primeiros exercícios de conversão é acreditar nas relações baseadas na gratuidade, na entrega. Acolhendo o que nos é dado, vamos aprendendo, com Jesus, a fazer nossa vida doação, dando tudo, para a vida do mundo.

Cultivar a vida enquanto dom, na gratuidade, está intimamente ligado à atitude de buscar sempre o magis. É uma busca incessante pela realização da pessoa que não é fechada em si, mas aberta para a comunidade, para os horizontes de um Reino que acolhe todas e todos.

Queremos, ao destacar a atitude de gratuidade e doação, primeiro, cultivar um coração agradecido por tanto bem que recebemos. Agradecer pelo dom de Deus, o Filho doado, entregue, que nos revelou que tipo de vida tem sentido. E, verdadeiramente agradecidos/as, oferecer nossa vida a cada pessoa, preferencialmente, amando e servindo aqueles e aquelas que são mais excluídos/as de sua dignidade e vivenciam o cruel processo de marginalização que tanto desumaniza.

A nossa vida é dom e tarefa. Durante toda a existência somos convidados/as a reconhecer, como Inácio de Loyola, que tudo é dom e graça de Deus. Em nosso mundo, marcado pelo interesse e pela lógica do lucro, um dos primeiros exercícios de conversão é acreditar nas relações baseadas na gratuidade, na entrega. Acolhendo o que nos é dado, vamos aprendendo, com Jesus, a fazer nossa vida doação, dando tudo, para a vida do mundo.

Cultivar a vida enquanto dom, na gratuidade, está intimamente ligado à atitude de buscar sempre o magis. É uma busca incessante pela realização da pessoa que não é fechada em si, mas aberta para a comunidade, para os horizontes de um Reino que acolhe todas e todos.

Queremos, ao destacar a atitude de gratuidade e doação, primeiro, cultivar um coração agradecido por tanto bem que recebemos. Agradecer pelo dom de Deus, o Filho doado, entregue, que nos revelou que tipo de vida tem sentido. E, verdadeiramente agradecidos/as, oferecer nossa vida a cada pessoa, preferencialmente, amando e servindo aqueles e aquelas que são mais excluídos/as de sua dignidade e vivenciam o cruel processo de marginalização que tanto desumaniza.

Ao considerar o nosso tempo presente, marcado por luzes e trevas, e contemplar Jesus, com seu modo de ser dom para a vida de cada pessoa, somos convidados/as a assumir nossa vocação batismal: ser presença, sal, luz e fermento.

Cada momento é uma oportunidade insubstituível de ser e estar no mundo. Por vários motivos, muitas pessoas vivem como sonâmbulas. Ocupam espaço no mundo, realizam atividades, mas não estão. Muitas outras estão fragmentadas. Como é bonito e esperançoso reconhecer que há pessoas que são presenças em nossa vida e nos ajudam a viver com mais consciência e sentido.

O mundo necessita de nossa presença. Uma presença capaz de construir vidas. Rubem Alves (2007) nos ensina que “saudade é a presença da ausência das coisas que amamos”. Nisso podemos compreender que ser presente é deixar um pouco de nós onde quer que passemos.

Para ser presente, é preciso abertura e disponibilidade. Ter um coração grande para acolher as surpresas de Deus, que se revelam em nossos/as próximos/as, e forte para estar ao lado dos/as mais vulneráveis de nossa sociedade. É preciso acreditar no Reino de Deus, deixar que ele cresça dentro de nós e transborde para o mundo.

Não estamos sozinhos/as. Somos como milhares de homens e mulheres de boa vontade que acreditam na vida digna para cada ser humano. Formamos uma grande rede, que se faz presente para cuidar desse imenso jardim, a Casa Comum. Ser presença é regar, cuidar, gastar tempo, dar atenção, sem esperar nada em troca. É sentir com o/a outro/a.

O próprio Cristo veio para o nosso meio e se fez presença. Com Ele aprendemos como estar com as pessoas nos diversos momentos de suas vidas. É importante nos colocarmos no lugar do/a outro/a, olhando para além de nós mesmos/as. Aprendemos, ainda, que as relações acontecem quando falamos com sabedoria e ouvimos com amor, cuidado e atenção.

Aprendemos a viver, com o período de isolamento, novas formas de estar presente, através do ambiente virtual. Como tantas oportunidades de aprendizado, o nosso desafio, superados os momentos mais críticos da pandemia, é cultivar uma presença cada vez mais qualificada, atenta, sensível. Nossos sentidos se abrem, pelo desejo do encontro, para acolher cada pessoa.

Desejamos fazer esse caminho orientados/as pela pedagogia de Jesus. Para aprender de/com Jesus, é preciso, antes de tudo, cultivar um constante encontro pessoal com Ele. Nossos pensamentos, palavras e ações são orientados e tornam-se fecundos quando vivemos a amizade com o Senhor. É a partir da vida de Jesus que podemos discernir, atentos/as à realidade e à ação do Espírito, para onde e como devemos seguir.

Os princípios e indicações que apresentamos, para serem atentamente considerados no caminho que vamos viver, desejam nos aproximar do modo de proceder de Jesus.

 

Princípios que norteiam a metodologia
da Campanha Ser Mais Presente

 

 – Pedagogia inaciana

A experiência inaciana nos ensina a considerar alguns passos nos percursos formativos. Dessa forma, ela é a base do caminho que vamos percorrer. Para tanto, vamos nos atentar para que as diferentes ações da Campanha Ser Mais Presente considerem:

Contextualização (conhecer a realidade, ver e escutar afetivamente e efetivamente);

Experiência (permitir-se “sentir com”, deixar-se tocar, “co-mover-se” internamente);

Reflexão (aprofundar nossa leitura de mundo, desenvolver capacidade de análise e crítica);

Ação (participar, criar oportunidades de incidência, comprometer-se); 

Avaliação (fazer sempre um exercício de responsabilidade e comprometimento,
ter olhar integrativo do caminho percorrido, construir liberdade e desejo de busca pelo magis).

– Participação e processos dialógicos

Promover experiências que animem jovens a tomarem parte da Campanha, construindo-a e vivendo-a de forma generosa, livre e comprometida. Da mesma maneira, contribuir para que a Campanha Ser Mais Presente seja caminho de assumirmos posturas que gerem diálogo e empatia.

– Colaboração e trabalho em rede

Aprofundar a colaboração como característica que marca profundamente a identidade e o modo de proceder inaciano. Nesse sentido, compreender a Campanha como tempo favorável para crescermos em nossa forma de trabalhar em rede, tanto do Programa MAGIS, quanto junto a outras redes que também estão a serviço da vida das juventudes.

 

– Protagonismo e autonomia de jovens

Priorizar, sobremaneira, a atuação de jovens na construção e realização da Campanha, de forma responsável, com liberdade, comprometimento e com o necessário acompanhamento e suporte. Da mesma forma, animar a criatividade, a inovação e a ousadia próprias das juventudes, para melhor respondermos aos apelos que a Campanha Ser Mais Presente suscita em nós.

 

 

Podemos considerar as indicações acima como os passos iniciais para bem vivermos a Campanha Ser Mais Presente. Conforme demonstramos, a Campanha tem o desejo de ser construída da forma mais participativa e colaborativa possível. Assim, é imprescindível que cada jovem, cada presença da Rede MAGIS e cada obra parceria tome parte desse caminho e se anime a construí-lo, com ânimo, generosidade e muita esperança.

A Campanha Ser Mais Presente será vivida de março de 2022 a março de 2024. Para melhor dinamizar e acompanhar esse caminho, são propostos três itinerários. Cada um deles explicitará um de três campos semânticos da palavra “presente”. Não são subtemas da Campanha. Ao contrário, são formas de aprofundar e tirar mais proveito dessa inspiração.

A identidade visual da Campanha Ser Mais Presente 2022/23 foi desenvolvida coletivamente num processo de escuta e partilha entre os/as comunicadores e comunicadoras do Programa MAGIS Brasil. A proposta da identidade é trazer elementos gráficos além da tipografia.

  • Linguagem – A linguagem que adotamos para essa Campanha é inspirada na xilogravura, desenvolvida por artistas nordestinos/as, e nas literaturas de cordel. Pretendemos com essa linguagem gerar uma identificação com a nossa própria cultura e também criar um elemento gráfico original que represente a Campanha.
  • Cores – Tendo em vista a proposta da Campanha ser dividida em três dimensões, optamos por trabalhar com três cores na identidade principal e explorar cada uma delas em cada dimensão. As cores são: amarelo, na base; roxo, como cor complementar; e laranja, como cor análoga.
  • Elementos – Teremos um elemento gráfico que sintetiza a Campanha, funcionando como um símbolo para que seja trabalhado nos Centros e Espaços MAGIS. O símbolo que criamos é um coração que pulsa (tempo presente), de onde brota a semente que gera vida (presente como dom), com a bússola no interior, norteando a construção do nosso projeto de vida e da nossa vocação (presença afetiva e efetiva no mundo).

Além disso, ao longo dos dois anos da Campanha, cada dimensão terá um símbolo que será agregado a esse desenho principal. Ao final, teremos uma arte completa como registro do caminho percorrido.

O que te move a estar mais presente? Onde e com quem você sente que necessita estar? Quais são as vozes e os rostos que te atraem, que te interpelam, que são apelo de Deus para a sua vida?

Durante essa Campanha queremos ver e escutar, para discernir e eleger onde e como seguir mais de perto Jesus. Onde, como e com quem podemos fazer de nossa vida uma oferta agradável a Deus, um presente para o mundo.

Como símbolo que expressa nosso desejo de ser presença para cuidar, temos o papel semente. Que, assim como nossas vidas, não é um adorno, mas algo a ser entregue, para que produza mais vida.

Como indicado, continuamos o caminho iniciado pelas campanhas anteriores. Em sintonia com o Ser Mais Amazônia, vamos viver o compromisso Caburé, que consiste em assumir atitudes que desenvolvam a consciência ecológica e estimulem o cuidado com a Casa Comum.

A Campanha Ser Mais Presente está aberta. Isso significa que podemos e devemos interagir, pelos meios que temos, para pensar processos e ações que nos ajudem a ser, de fato, mais presente. Somos convidados/as a partilhar, provocar e nos engajarmos para implementar essa Campanha juntos/as.

Queremos convidar a todas e todos, jovens, Espaços, Centros, parceiros/as e amigos/as de caminhada ao movimento inquietante de Ser Mais Presente. Essa Campanha deseja se construir em comunidade, de forma colaborativa. Assim, convidamos todas e todos que participem, contribuam e se somem ao caminho que está a ser construído, de acordo com as possibilidades de cada um, de cada uma e desde cada realidade.  

Se você deseja colaborar com a construção dos materiais ao longo da Campanha, será muito bem-vindo e bem-vinda. Teremos roteiros de encontro, roteiros de oração, materiais para reflexão e aprofundamento e experiências. Pedimos que, desde já, cada presença da rede MAGIS anime todas as pessoas que têm a disponibilidade em se somar na construção de um mundo mais justo, fraterno e solidário a bem viverem a Campanha Ser Mais Presente, abraçando-a como um tempo favorável para seguirmos com muito ânimo na colaboração do Reino.

REFERÊNCIAS
ALVES, Rubem. Perguntaram-me se Acredito em Deus. São Paulo: Planeta, 2007. 141 p.
COEN, Monja. 108 Parábolas orientais. 2. ed. São Paulo: Academia, 2019. 240 p.
FRANCISCO, Papa. Carta Encíclica Fratelli Tutti. 2020.