Lucas Maurício dos Santos, SJ

A história vocacional de Lucas é feita de oração, discernimento e serviço. Desde Jaíba (MG) até os caminhos da missão jesuíta, sua trajetória revela um coração disponível, atento aos apelos do Evangelho e sensível às dores e esperanças do povo. Em sua formação, aprendeu a rezar mesmo nos desertos da alma e a reconhecer Deus no cotidiano. Com fé, coragem e alegria, prepara-se para ser presbítero na Companhia de Jesus, desejando caminhar com as juventudes e anunciar, com simplicidade e criatividade, o Reino que transforma vidas.

Quais são os três principais destaques da sua formação jesuíta?

  • Oração
  • Vida comunitária
  • Apostolado

    São como pilares que fortalecem a minha resposta ao chamado de Deus no cotidiano.

Uma breve biografia pessoal

Nascido em Jaíba (MG) e criado em Guarulhos (SP), sou o quarto de cinco filhos. Minhas experiências profissionais são diversas, transitando entre o campo, onde trabalhei com inseminação artificial para gado leiteiro, e a cidade, atuando nos ramos de telemarketing e comércio.

Aos 13 anos, fui batizado. Essa experiência marcou o início da minha participação ativa na vida eclesial. Antes de conhecer a Companhia de Jesus, minha experiência mais marcante foi na Pastoral da Juventude (PJ), onde se deu o meu despertar vocacional.

Lembro-me de uma semana em que, enquanto preparava um dos encontros do grupo para o domingo, comecei a me questionar profundamente. Aquela preparação foi uma verdadeira provocação para mim. Eu jamais imaginaria que um material da coleção _”Na trilha do Grupo de Jovem”_ me deixaria tão inquieto, a ponto de me fazer refletir sobre meu lugar no mundo e a vontade de Deus em minha vida. Acredito que os princípios e valores cristãos, mais a experiência de fé que adquiri em minha família, somados a essa que considero uma experiência fundante, têm um grande significado em meu percurso vocacional.

Após um período de discernimento, entrei no noviciado em 2014. Desde o tempo como candidato até o noviciado, vivi momentos de grandes descobertas e um profundo mergulho em minha própria história, reconhecendo as marcas de Deus em meu caminho.
A dimensão pastoral tem sido crucial em meu processo formativo. Para mim, é um espaço de contemplação do Cristo que se faz presente entre nós, nas mais diversas realidades. Dessa forma, o apostolado é, para mim, uma oportunidade diária de contemplar o Cristo que se encarna em nossa existência.

Qual é a sua formação acadêmica?

– Técnico em Agropecuária (CEFET – Januária-MG)
– Licenciatura em Filosofia (FAJE – Belo Horizonte-MG)
– Bacharel em Teologia (Pontifícia Universidade Gregoriana – Roma)

O que você espera ou deseja para a sua missão após a ordenação?

Desejo profundamente que o meu ministério esteja verdadeiramente a serviço do anúncio do Reino; que a minha oração me ajude a manter os pés no chão, o coração em Deus e o olhar voltado para toda realidade humana que anseia por paz, esperança e misericórdia; que a minha escuta seja atenta e a minha voz faça ecoar a alegria do Evangelho. Espero assumir, com fé, humildade e coragem, a missão que me foi confiada e que eu seja fiel no meu “sim” a Cristo, pobre e humilde, que se revela no cotidiano e continua a trabalhar na criação.

Quero caminhar com as juventudes, acompanhando os seus dilemas, crises, esperanças, sonhos e buscas, e continuar a aprender com as juventudes, que têm tanto a oferecer. Enfim, desejo viver o sacerdócio como um serviço, fazendo-me próximo, caminhando e dialogando com todos.

Qual talento você desenvolveu e cultiva como jesuíta? Por que ele é importante para você?

O percurso formativo na Companhia me ajudou a desenvolver muitas habilidades. Gostaria de destacar três: uma espiritualidade sólida, um espírito missionário e uma criatividade apostólica.

Em primeiro lugar, ressalto a capacidade de discernir os movimentos internos no processo de busca da vontade de Deus. Isso nos liberta do risco de tomar decisões baseadas em impulsos ou conveniências e nos orienta sempre pelo magis. Esse discernimento espiritual faz toda a diferença no acompanhamento de pessoas, na tomada de decisões e constitui um dom para a Igreja.

Considerando o aspecto missionário da vocação jesuíta, a disponibilidade é uma marca essencial, especialmente em um contexto tão plural — social e culturalmente — e de dimensões continentais, como o Brasil. Por isso, acredito que a flexibilidade seja indispensável para responder aos desafios dessa realidade.

Por fim, destaco a capacidade de buscar novos caminhos, inovar e utilizar uma linguagem acessível, criando pontes. Como ensina Santo Inácio, somos convidados a buscar e “encontrar Deus em todas as coisas”. Nesse sentido, a criatividade torna-se fundamental para a evangelização em diferentes espaços, inclusive nos ambientes mais desafiadores.

Para qual lugar sua vocação te conduziu, sem que você jamais pudesse imaginar?

Hoje percebo que minha vocação me conduz por caminhos que transcendem os mapas que carrego. O chamado me leva ao mistério de Deus – solo sagrado onde o divino se revela continuamente: no olhar suplicante ou animador, no abraço acolhedor, no silêncio que inquieta, na escuta reverente, na Eucaristia partilhada em comunidade. Esse mesmo mistério me guiou à vida interior tornando-se, o meu maior mestre. Nele, descobri minhas forças e fragilidades, aprendi a dialogar com minhas inquietações e amadurecer minha fé. Aprendi a rezar até nos desertos mais áridos da alma, a confiar quando a noite parecia interminável, a seguir em frente mesmo quando meus passos hesitavam.

O chamado me mantém sonhando e acreditando numa Igreja que acolhe, escuta e serve; que caminha lado a lado com os pobres. Minha vocação me revelou a verdade mais humilde e grandiosa: mesmo na minha indignidade, ecoa sempre a voz do Senhor – “Segue-me”.

O que você diria para alguém que está considerando entrar na Companhia hoje?

Não tenha medo, ponha-se a caminho. O discernimento já é uma jornada em si mesmo. Lembre-se, quem toma a iniciativa sempre é Deus. Se você se sentiu provocado, é porque o Senhor já está agindo em você. Podem surgir dúvidas em meio ao desejo – isso é humano. Mas faça sua parte com confiança. Deus se encarregará de fazer-se ouvir, mesmo em meio ao ruído do mundo e às turbulências do coração. Ele te concederá a graça de responder com liberdade, com um amor cada vez mais ardente, e com um desejo renovado de viver para amar e servir.

Sua história vocacional em apenas seis palavras.

Oração, discernimento, comunidade, amigos, apostolado, Felicidade

Ordenação Presbiteral

Data e local da ordenação serão divulgados em breve.

Reze por nossos ordinandos

A ordenação é sinal de uma vida entregue a Deus e ao povo. Reze conosco por esses companheiros e por todos os jovens que escutam o chamado de Deus.